Maykon Albuquerque Lacerda e Kecianny Araújo Santos

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O EGITO FARÂONICO E SEU PODERIO E REPRESENTATIVIDADE HISTÓRICA


Introdução

A princípio, este trabalho busca tecer brevemente sobre o poderio e a representatividade histórica configurada no Egito faraônico, conhecida como a mais longa experiência humana documentada de perpetuação política e cultural. Bem como, o primeiro reino unificado na história da Humanidade, antes da era cristã, pois: “Tal história conheceu, é verdade, fases de descentralização, anarquia e domínio estrangeiro [CARDOSO, 1982, p. 07]”.

No entanto, o Egito, durante séculos, constituiu-se como uma mesma entidade política reconhecível, de aproximadamente 3000 a.C até 332 a.C. Uma distante civilização e longeva, que ainda desperta um profundo interesse, não se limitando somente aos especialistas em Egiptologia. Haja vista que, muitas “Histórias do Egito” são quase exclusivamente, Histórias de seus governantes egípcios, seus reinados, dinastias, conquistas, construções grandiosas e outros feitos.

Assim, seja como for pode-se pensar que o processo de formação do Egito Antigo como reino centralizado está vinculado à inúmeros fatores, dentre os quais: demográficos, ecológicos, políticos etc. Adiante, no tocante a decadência da autoridade faraônica, é essencial elencar que:

 

“Acentuou-se no final do longo reinado de Pepi II [2246-2152], da IV dinastia. A VII dinastia de Manethon não parece ter existido de fato, a VIII foi bastante efêmera, e depois o país caiu na anarquia e na descentralização [CARDOSO, 1982, p. 18]”.

 

Após isso, o Egito passou por várias invasões estrangeiras, e saques coletivos, como a invasão asiática em parte de seu Delta. Em um contexto turbulento de instabilidade política e crise econômica, com graves negligências nos trabalhos agrícolas e de irrigação no Egito Antigo.

 

As estruturas governamentais no Egito Antigo

Com isso, antes de pensar em estrutura governamental, cabe reiterar que, a centralização faraônica (concentração de poder nas mãos de um único líder tribal, o nomarca), só se deu pelo fato da união das diversas aldeias pré-dinásticas do vasto território egípcio, a princípio, organizados politicamente em dois reinos, o que representou a unificação do Estado, ou melhor a aglutinação das distintas confederações tribais – os nomos, longínquos e estendidos pelo país, e que já disputavam entre si os escravos e a água. É o que nos exemplifica abaixo:

 

Na origem, os nomos deviam estar isolados uns dos outros (...) os maiores nomos eram os de Elefantina, Hieracômpolis, Abidos, Mênfis e Buto (...) os nomos guerreavam entre si para disputar a presa ou os escravos por causa dos conflitos provocados pela penúria das águas (...) à frente dos nomos encontravam-se chefes, um dos quais foi o rei Escorpião, que chegou a reunir sob o seu poder um vasto território indo de Hieracômpolis até Mênfis [DIAKOV KOVALEV, 1976, p. 182]

 

Dessa forma, percebe-se que o Estado unificado era sustentado pelo escravismo e pela amplitude do poderio do nomarca, o rei do nomo, agora Faraó de todo o Alto Egito (ao sul), e ao Baixo Egito (ao Norte). Nisso, quanto ao primeiro Faraó, Heródoto, no Livro II, nº 99, de sua “Historia”, escreveu o seguinte:

 

“Segundo as informações dos sacerdotes, Mina foi o primeiro rei do Egito e protegeu Mênfis com uma barragem. Com efeito, o rio corria então ao longo da cordilheira arenosa do deserto líbico. Mediante uma elevação do terreno, feita a uns cem estádios (cerca de 18 quilômetros) ao Sul de Mênfis, o rei Mina levantou um meandro e cavou um canal através do qual desviou o rio, que passou a correr a igual distância das duas elevações do terreno. Depois disso, o primeiro governante de nome Mina, drenou o terreno conquistado ao rio e fundou nele a cidade que agora é chamada de Mênfis. Com efeito, Mênfis está situada na parte estreita do Egito. Fez também cavar um lago (do qual não restou nenhum vestígio), o qual era alimentado pelo rio, que o rodeia pelo Norte e pelo Oeste. Além disso, ele construiu em Mênfis o amplo e particularmente destacável santuário de Hefesto.” [HERÓDOTO, 1988. p. 118.]

 

E essas obras só foram oportunizadas, pós-consolidação das dinastias faraônicas, sobretudo, com a construção das pirâmides, onde as elites burocráticas e administrativas poderiam aprimorar seus conhecimentos técnicos e científicos (cálculos, geometria, resistência dos materiais, etc.). Assim como aperfeiçoar suas técnicas de gerenciamento e administração de recursos humanos e materiais. Além de aumentar muito   o poder e a influência das elites burocráticas (no caso o clero de ) do Estado egípcio, conforme o autor Doberstein [2010, p.82]. Em outras palavras:

 

Por essa suposição, a unificação das aldeias pré-dinásticas pode ter sido para garantir a dominação das elites locais. Com o Estado teriam sido criados mecanismos de repressão de dimensões estatais, mais eficazes na manutenção e sujeição da força de trabalho.” [DOBERSTEIN, 2010, p. 52]

 

Logo, tendo com uma das possíveis causas, a hipótese hidráulica, pela formação de inúmeros trabalhos referentes à diques, canais, represas e constantes obras de irrigação, possibilitada pelo vale do Rio Nilo. Em contrapartida, segundo Cardoso [1982], esta hipótese está falida, pois:

 

“A irrigação não pode, porém, ser vista como a causa do surgimento do Estado centralizado e da civilização egípcia: pelo contrário, um sistema centralizado de obras hidráulicas para a agricultura irrigada surgiu como um resultado tardio da existência de um Estado forte. Note-se que o abandono da ‘hipótese causal hidráulica’ não significa que a irrigação não fosse muito importante.” [CARDOSO, 1982, p. 24-25]

 

Isto é, há amplas discussões pertinentes sobre o processo de unificação política, porem a existência e articulação de uma civilização hidráulica, é inegável frente às fontes arqueológicas etc. Outras hipóteses levantadas, seriam o militarismo forte e as constantes guerras internas e externas ocorridas no Egito Antigo. Dito isso, há indícios de que a unificação do Egito, conservou um caráter de monarquia dual – que por sinal, era ainda precária. Sousa [2010] destaca que:

 

“o faraó, dentro da ideologia, era encarado como descendente do deus criador, sendo assim, herdeiro do cosmo completo e o grande responsável por impedir o estabelecimento do caos que no início dos tempos foi expulso para os limites do mundo organizado do qual o Egito era o centro” [SOUSA, 2010, P.8].

 

Nesse ensejo, por ser responsável pelo intermediação entre os homens e os deuses, os faraós eram responsáveis pelos cuidados com a divindade, assim ainda pode ser destacado que:

 

“[...] sob o Reino Antigo o faraó era o mais absoluto dos monarcas, adorado como um deus e visto como suprema autoridade religiosa, militar, civil e judiciária. – A complexidade crescente da administração forçou-o, porém, a delegar parte de suas atribuições a sacerdotes e funcionários.” [CARDOSO, 1982, p. 55] 

 

O que demonstra uma hierarquização social, na pirâmide egípcia da época, à medida que: “A origem divina do faraó é expressa na maior parte dos documentos da realeza. O faraó é representado ao lado dos deuses. Contudo, o faraó não é um deus; é o representante de deus na terra” [DESPLANCQUES, 2011, p.14]. Abaixo do Faraó, existia uma enorme gama de grupos sociais (nobres, sacerdotes, soldados, camponeses, soldados e escravos), que desempenham papeis distintos dentro da sociedade egípcia. Segundo Sousa:

 

“Os sacerdotes atuavam como seus representantes diante da impossibilidade de o faraó estar em todos os templos diariamente, mas na iconografia comente o rei era representado em um contato mais íntimo com as imagens divinas” [SOUSA, 2010, P.14].

 

Sobre a representatividade dos faraós, Claúdio De Cicco escreve:

 

“Considerado um semideus, o faraó era senhor absoluto. Sabemos, por outro lado, que interpretava o querer da classe sacerdotal, a qual de fato detinha poderes sem limites. O regime egípcio era, pois, a monarquia com aristocracia, ou seja, o poder real era limitado pelo colégio sacerdotal” [DE CICCO, 2006, P.4].

 

Além de sempre ser assessorado pelos funcionários públicos, pelos altos militares e pelos escribas, em suas fiscalizações de obras, somado ao comando do exército egípcio.  O Faraó também exercia, muitas vezes, funções religiosas: sua participação era considerada fundamental nas cerimônias destinadas a assegurar a vitória nas guerras ou a garantir que as cheias do Nilo não fossem insuficientes ou excessivas. Por assim dizer, concordamos com Emanuel Araújo ao afirmar que "a figura do faraó ocupou durante três milênios uma posição central na história da civilização egípcia, destacada com ênfase que nos pareceria excessiva, nos domínios da religião, da arte, da política" [1996, p. 5].

Outro fator notório nesse processo, foi a representatividade do fenômeno religioso para a sociedade egípcia, consagrada através da figura dos faraós que, como já ressaltado, eram divindades no plano térreo. Dessa maneira, a crença religiosa e as superstições espalhadas, configuravam novos modos de vida e perspectivas sobre a morte, e tinham os faraós como a gentes moduladores, uma vez que esses indivíduos ocupavam a posição de maior representatividade na sociedade egípcia, portanto, imbrincados de poder e influência social, política, econômica e, principalmente, religiosa. Segundo Ortiz:

 

“O faraó era a encarnação de Hórus, o deus vivo que governada a Terra. Esse rei divino era o elemento mais importante da sociedade; seus atos asseguravam a preservação da ordem e recordá-los provava a larga duração da sua eficácia” [ORTIZ, 1998, P.395]

 

Portanto, compartilhavam a ênfase daquilo que era divino. Entretanto, alguns pesquisadores destacam a falsa conotação sobre algumas figuras dos faraós. Araújo [1996], destaca o peso da história oral nesse processo, que uma vez vinculada, apresenta diversas conotações contraditórias às histórias oficiais.

Segundo Sousa (2010), o discurso de personalidade masculina por excelência ocupando a posição de soberano legitimava uma sociedade também marcada por questões de gênero, pois embora as faraós tenham executado grandes conquistas relacionas às questões políticas e jurídicas, elas ainda são apresentadas com menos ênfase que os faraós masculinos. Com exceção de Cleópatra, a mais conhecida e admirada entre elas. Esses fatores ligados ao gênero na sociedade egípcia, podem ser ressaltados, sobretudo pela encarnação do deus diretamente em figuras masculinas. Assim sendo, a ocupação da função por figuras femininas tornou-se processos embricados de peculiaridades. 

Dentre os exemplos destacados pelos estudiosos sobre Egito, Sousa [2010] destaca o caso de Hatshepsut, que governou o Egito no século XV a.C., por aproximadamente vinte anos, e durante sua passagem pelo trono, orquestrou que suas imagens fossem representadas como uma figura máscula. Nesse caso, compreendemos a necessidade de uma mulher, que ocupou a função de maior grandiosidade no Egito Antigo, de reafirmar o seu poder e soberania por meio da sua própria representação em um perfil ligado ao mundo masculino. Em específico, esse caso conota o que denominamos de papeis socialmente construídos.

 

Considerações finais

A realeza, foi sem dúvidas, um dos pilares da sociedade egípcia, uma vez que esse foi um mecanismo encontrado para justificar e corroborar para as divisões sociais existentes nesse meio. Sousa [2010] destaca que a “realeza é quase sempre associada a valores religiosos e, aos governantes, é creditado um poder divino ou uma sanção dos deuses. A capacidade de os símbolos reais e de o discurso se expressarem em termos de realeza na monarquia egípcia sobreviveu a mudanças políticas e a instabilidade de poder. A monarquia, assim, era entendida como pressuposto da ordem social e a monarquia era o principal símbolo do país” [SOUSA, 2010, P.8], conforme já ressaltado anteriormente.

Em suma, conclui-se que pensar os percursos e representatividades dos faraós no Egito, significa, antes de qualquer coisa, evidenciar sujeitos de representatividades múltiplas e emblemáticas, de forte poder e influência, sobretudo política e religiosa. Portanto, homens que ocupavam o cerne da sociedade egípcia, cuja a representação divina era tamanha que, em nome destes eram edificados grandes monumentos e estátuas às quais seus súditos deveriam prostar-se, ou seja, tornavam-se objetos de adoração e culto.

Esses deuses na Terra, eram responsáveis, segundo as ponderações apresentadas neste trabalho, por cuidar e intermediar para que o caos não fosse instaurado na sociedade egípcia. Dessa forma, essa crença assegurava uma sociedade, essencialmente marcada pela ideia da personificação divina, que protegia seus súditos e o meio em que eles descendiam. Os faraós, recebiam um status diferenciado e legitimador, incorporando atributos da sua posição faraônica.  

É importante ressaltar que, na sociedade egípcia, o poder esteve concentrado nas mãos de um grupo que legitimavam um poder vinculado em torno do seu próprio grupo. Em outras palavras, esse discurso era ‘auto promotor’ à base de preceitos religiosos.

Por fim, a dimensão absolutista do faraó no Egito Antigo representava no cotidiano da sociedade egípcia um poderio onde, o mesmo legislador e o dono, ao menos do ponto de vista teórico, de todas as terras do país. Coercitivamente, o governo mantinha um controle total sobre seus habitantes, desde o Alto até o Baixo Egito. Em síntese, o que imperou na civilização egípcia foi uma enorme burocracia e sofisticada, desde seu funcionalismo estatal até a personalidade pessoal do faraó e seu clã familiar.

 

Referências

Maykon Albuquerque Lacerda - graduando em Licenciatura Plena em História, pelo Centro de Estudos Superiores de Caxias, da Universidade Estadual do Maranhão –CESC/UEMA.  É membro do Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão sobre África e o Sul Global – NEAFRICA.  E-mail: maykonalbuquerquelacerda@gmail.com

Kecianny Araújo Santos - graduanda em Licenciatura Plena em História, pelo Centro de Estudos Superiores de Caxias, da Universidade Estadual do Maranhão –CESC/UEMA. É membro do Grupo de Pesquisa e Documentação em História Social e Política do Maranhão – GPDHOSPEM. E-mail: kecyanehsantos@gmail.com.

 

ARAÚJO, Emanuel. Pobres Faraós Divinos. Revista Textos de História, v. 4, n. 2, 1996.

CARDOSO, Ciro Flamarion S. O Egito Antigo. 1ª ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1982.

DE CICCO, Cláudio. História do pensamento jurídico e da Filosofia do Direito. 3. ed. São Paulo: Editora

Saraiva, 2006

DESPLANCQUES, Sophie. Egito Antigo. 2ª ed. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2011.

DIAKOV, V.; KOVALEV, L. História da Antiguidade. Lisboa: Estampa, 1976.

DOBERSTEIN, Arnoldo Walter. O Egito antigo. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010.

HERÓDOTO. História. Brasília: UNB, 1988.

ORTIZ, Airton. Egito dos faraós: da antiga Mênfis à moderna Cairo: 5.000 anos de aventuras. Rio de janeiro: Editora Record, 2005

SOUSA, Aline Fernanda de. A mulher-faraó: representações da rainha Hatsherpsut como instrumento de legitimação (Egito Antigo – século XV a. C). Dissertação (Mestrado) apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2010. 

11 comentários:

  1. Boa tarde! "Esses deuses na Terra, eram responsáveis, segundo as ponderações apresentadas neste trabalho, por cuidar e intermediar para que o caos não fosse instaurado na sociedade egípcia." Esse trecho me fez lembrar do conceito de maat e era neste conceito que a legitimidade da monarquia repousava. Como esse conceito foi utilizado para legitimar o poder do faraó?
    Atenciosamente,
    Iuri Biagioni Rodrigues

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    1. Olá, Iuri Rodrigues.
      Desde já, agradecemos sua colaboração e questionamento! Logo, respondendo sua pergunta, o Egito é um dos Estados Teocráticos mais antigos da humanidade, que se tem conhecimento. A religião politeísta e a política estatal e monopolizada na mãos de um único sujeito, eram intrínsecas. Numa relação, onde os deuses egípcios legitimavam o poder faraônico, e este por sua vez, era usado como justificativa para as estruturas e organização social egípcia. Por isso, que a deusa Maat, era tida enquanto responsável pela manutenção da ordem cósmica e social, fruto da crença de uma deusa onipresente que concedia forças ocultas a um outro deus vivo, isto é, o Faraó. Uma verdadeira teia de representatividade, simbolismo, poderio e religiosidade que marcavam o cotidiano de uma sociedade sistemática, milenar e aguerrida. Como respaldo, segundo Giselle Camara (2011, p. 71), quanto ao Egito: " [...] o estado permanece como o grande zelador, em primeira instancia da ordem, equilíbrio e justiça, portanto de Maat".
      Segue referência:
      CAMARA, Giselle Marques. Maat: o princípio ordenador do cosmo egípcio: uma reflexão sobre os princípios encerrados pela deusa no Reino Antigo (2686-2181 a.C). Dissertação (Mestrado – Programa de Pós-Graduação em História) - Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, da Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: https://www.historia.uff.br/stricto/td/1513.pdf. Acesso em: 06 out. 2021.

      Dito isso, espero ter-lhe respondido com êxito. Abraços!
      At.te.,
      Maykon Albuquerque Lacerda

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  2. Boa tarde, primeiramente excelente texto. Em um trecho afirma que o faraó exercia também os interesses dos sacerdotes, que detinham muito poder. Em caso de desavenças entre esses dois poderes era possível a destituição do faraó por parte dos sacerdotes mesmo eles sendo considerados a representação de deus?
    Atenciosamente,
    Lara Karinina Viana de Almeida

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    1. Olá, Lara Almeida!
      Desde já, agradecemos sua contribuição e pergunta pertinente! Assim, quanto à sua pergunta, a resposta é Não. Pois, o Faraó também exercia funções sacerdotais, concomitantemente ao seu poderio politico. Configurado como um governante teocrático, e absoluto de toda uma sociedade estrutural e hierárquica. Não sendo possível nenhuma destituição do Faraó ( supremo sacerdote), por parte de seus subalternos, ou seja, baixos representantes religiosos. É claro, que não se deve descartar a ocorrência ou possibilidade de golpes, complô, ou tentativa de assassinato contra a vida do faraó, devido as ambições e interesses em jogo, e pessoais. As relações eram ora harmônicas, ora conflituosas, mas o monopólio do poder exercido, era sempre unilateral.

      Dito isso, espero ter-lhe respondido com êxito. Abraços!
      At.te.,
      Maykon Albuquerque Lacerda

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  3. Parabéns pelo texto! Muito bem escrito.
    Vocês comentam sobre a pouca ênfase nas experiências das mulheres que ocuparam o cargo de faraó. Além das questões de gênero próprias do contexto, será que não existiu (ou ainda existe) uma dificuldade da historiografia/egiptologia em se aprofundar nos papéis dessas mulheres que ocuparam o trono e/ou orbitavam ele (como mãe, esposa, irmãs)?

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    1. Olá, Francismara de Oliveria. Agradecemos pela pergunta e interesse pela temática.
      A historiografia sobre Egito tende a discorrer com grande enfase sobre os faraós e seus grandes feitos na ocupação do cargo. Compreendemos que essa dificuldade que você se refere, ainda é muito presente, com exceção dos estudos sobre Cleópatra de quem, atualmente, é possível encontrar com muita facilidade estudos aprofundados, é possível contar nos dedos trabalhos que enfatizem e problematizem a ocupação do cargo de faraó por figuras femininas. Essas questões permeavam uma zona muito grande no contexto social, político e econômico no Egito, uma vez que era necessário buscar uma legitimação quando da ocupação do posto por mulheres.

      Atenciosamente, Kecianny Araújo

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    2. Olá, Francismara de Oliveira! Desde já, agradecemos sua colaboração e questionamento feito.
      Como complemento resolutivo, Elisa Larkin Nascimento (2008), nos informa que a sociedade egípcia era regulada pelas relações matrilineares. O protagonismo feminino era exercido, por exemplo, pelas deusas egípcias, é o caso de Isis, irmã do Osíris, responsável pelo desenvolvimento de técnicas agrícolas daquela civilização. Sendo considerada a primeira deusa da mitologia egípcia que trouxe à humanidade, o conhecimento referente à agricultura, típico de uma sociedade sedentária, existente na Antiguidade. Para além disso, teve-se notoriedade sacerdotisas ( ex.: Nefertiti), rainhas (ex.: Hatshepsut) etc.
      Segue sugestão de leitura bibliográfica:
      NASCIMENTO, Elisa Larkin. As civilizações africanas no Mundo Africano. In.: A matriz africana no Mundo. São Paulo: Selo Negro, 2008.

      Dito isso, espero ter-lhe respondido com êxito. Abraços!
      At.te.,
      Maykon Albuquerque Lacerda

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  4. Ótima apresentação! Texto muito bem escrito e conciso!
    Perguntas: Qual teria sido a principal causa da descentralização no Egito Antigo? E você teria alguma referência (de livros ou artigos) sobre a atuação das mulheres que foram faraós nesse período a partir da questão do gênero existente nessa sociedade? Obrigada.

    Thais de Albuquerque Barbosa

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    1. Olá, Thais de Albuquerque Barbosa! Desde já, agradecemos sua colaboração e questionamentos feitos. Primeiramente, a principal causa da descentralização política eram os constantes conflitos internos entre os nomarcas ( lideres das tribos - os nomos, que compuseram o Alto e Baixo Egito Egito), acompanhado do enfraquecimento militar, e perda de território, o que deixava o Egito vulnerável à invasões estrangeiras, isto é, à sujeição de outros povos, tais como: assírios, persas e romanos, como ocorrera. Uma história marcada por várias (de)centralizações políticas; registradas por, ora unificações realizadas por Faraós, ora desestabilidades proporcionadas por elementos internos ou externos. Em suma, o que se configurou como uma variabilidade de momentos vividos pelo Egito faraônico, entre perdas e ganhos.
      No tocante, às referências solicitadas, segue algumas sugestões bibliográficas:
      GRALHA, Julio. Senhora da casa, divindade e faraó. In: CANDIDO, Maria Regina.
      Mulheres na antiguidade: novas perspectivas e abordagens. Rio de Janeiro:
      UERJ/NEA; Gráfica e editora DG, 2012, p. 190-202.
      JACQ, Christian. As egípcias: retratos de mulher no Egito faraônico. Rio de Janeiro:
      Bertrand Brasil, 2002.
      NASCIMENTO, Elisa Larkin. A matriz africana no Mundo. São Paulo: Selo Negro, 2008.
      NOBLECOURT, Christiane Desroches. A mulher no tempo dos faraós. Campinas: Papirus, 1994.
      SOUZA, Aline Fernandes de. O papel das mulheres na sociedade faraônica: a igualdade em
      discussão. Fazendo Gênero 8 – Corpo, Violência e Poder. Florianópolis: UFSC, 2008. Disponível em . Acesso em: 06 out. 2021.
      SOUZA, Anna Cristina Ferreira de. Nefertiti: sacerdotisa, deusa e faraó: androginia e
      poder nas imagens de Amarna. Dissertação. Mestrado. Niterói: UFF, 2003.
      WIEDEMANN, Amanda. A questão de gênero na literatura egípcia do II milênio a.C.
      Niterói. 358 f. Tese. Doutorado em História. Instituto de Ciências Humanas e Filosofia.
      Niterói: UFF, 2007.

      Dito isso, espero ter-lhe respondido com êxito. Abraços!
      At.te.,
      Maykon Albuquerque Lacerda

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