Maura Regina Petruski

OS RASTROS QUE TERRA DOS FARAÓS DEIXOU: O EGITO ANTIGO, UM POVO E MUITAS HISTÓRIAS


Refletir sobre a prática de pesquisa na área da Antiguidade nos leva antes de tudo a ‘historiar’, como destacou Kátia Pozzer em seu trabalho publicado em 2016, intitulado “Do Prazer e da Dor em Estudar a Antiguidade Oriental: Uma Reflexão sobre o Uso de Fontes”.

O processo no qual a atividade de ‘historiar’ foi mencionada no texto, não é uma prática exclusiva que se aplica à cultura dos povos da Mesopotâmia, mas é uma perspectiva que pode ser desenvolvida às demais sociedades antigas, visto que o princípio de sua estruturação está na exploração das fontes, etapa que exige percorrer um caminho longo, uma vez que o pesquisador garimpa peças em diversos campos para montar um quebra-cabeça amarrado aos objetivos traçados em seu projeto.

É um trabalho moroso e silencioso, realizado pelo olhar perspicaz de alguém que vê o passado não como um período findado e fechado em si mesmo, mas como algo que pode ser constantemente revisitado e que oportuniza a leituras de novas interpretações e revelações, sustentado pelos interesses suscitados no momento presente.

E é nessa diretriz que a presente análise foi estabelecida, partindo dos interesses do tempo presente que buscou-se revisitar a história de uma sociedade que se estruturou a milhares de anos, e sobre a qual nos restam somente vestígios, muitos dos quais estavam encobertos pelas areias do deserto e pelos escombros de um tempo que não volta mais. Porém, para o historiador, essas referências não são classificadas como empecilhos para a realização do seu ofício, muito pelo contrário, é visto como algo instigante uma vez que através do seu trabalho é possível fazer emergir histórias que nem o tempo conseguiu apagar.

No caso em questão, o espaço geográfico escolhido para ‘historiar’ foi o do Egito antigo que se organizou às margens do rio Nilo, cultura classificada por muitos como exótica ou até familiar, mas que, ao longo do tempo, foi revisitada enquanto objeto de estudo pautada por múltiplos interesses. Todavia, e sem sombra de dúvidas, é possível afirmar que não são poucas as produções que se ativeram a relatar a respeito dessa sociedade e, devido exatamente a essa referência, que o trabalho de ‘historiar’ aqui desenvolvido foi reservado a observar as impressões de obras de autores que deixaram suas impressões sobre esse território, visto que são imensuráveis o número de páginas de obras produzidas sobre esse espaço.

         

A escolha dos autores selecionados para desenvolver o trabalho centrou-se em produções realizadas em diferentes recortes temporais construídas a partir de abordagens e objetivos distintos, pois, o que se pretende mostrar com a revisitação bibliográfica, é evidenciar que o interesse pela história do mundo egípcio foi uma constante ao longo do tempo e que os enfoques que serviram de diretriz para tais produções foram diferentes. Ademais, sabe-se que as considerações apresentadas a seguir estão longe de esgotar o tema, e que essa é apenas mais uma das leituras que pode ser realizada da sociedade que se edificou as margens do rio Nilo. 

   

Olhando para o passado

Do ponto de vista histórico, foi pelas mãos de Mánethon, que a História do Egito antigo começou a ser registrada de forma sistemática no terceiro século antes de Cristo. O sacerdote que viveu no Período Ptolomaico pautou-se de diversos registros mantidos nos arquivos templários para desenvolver a organização proposta, dentre os quais estava o da cidade de Heliópolis, localizada no Baixo Egito. Diferentemente de outras obras antigas, a produção do material elaborado por Mánethon chegou até a atualidade somente através de fragmentos que foram divulgadas por autores como Flávio Josefo (século I d.C.), Júlio, o africano (c. 220 d.C.), Eusébio de Cesaréia (c. 320 d.C.) e George Syncello (c. 800), conforme destacou José Candeia Sales (2001, p.538). 

A obra originalmente redigida em língua grega e intitulada de Aegyptiaca, revelou a história do Egito a partir do ponto de vista político centrado na figura de seus governantes, listados cronologicamente e subdivididos em trinta dinastias, iniciando a sequência com a unificação do Alto e do Baixo Egito em aproximadamente 4000 a.C.. Estruturada dentro de uma “cronologia longa”, cuja produção serviu de referência para estabelecer a demarcação dos acontecimentos que se sucederam na ‘terra dos faraós’ até o início do século XIX, quando passou a ser revisitada e repensada, principalmente após os resultados advindos das escavações arqueológicas geradas a partir da exploração de diversos sítios, alterando os dados  que prevaleciam até então no que se refere às datações dos acontecimentos (COELHO & SANTOS, 2014, p. 03).

Por conta disso, na segunda metade do século XIX, e com base nas novas descobertas, o egiptólogo alemão Karl Richard Lepsius, organizou e estabeleceu outro padrão de orientação cronológica para apresentar o que se sucedeu na ‘terra das pirâmides’, reorganizando-a a partir de outra estrutura e nomenclatura, embora continuasse sendo apoiada na esfera política como ponto de partida para indicar o início do período dinástico. O processo de unificação das duas terras (Alto e Baixo Egito) permaneceu como marco temporal de delimitação do início do período dinástico, que foi quando os primeiros faraós chegaram ao poder. Para o estudo dessa milenar etapa da história egípcia, Lepsius estabeleceu recortes cronológicos que os subdividiu em três: o “Antigo”, o “Médio” e o “Novo” Império Egípcio. Entremeando a essas três fases, mais outros dois períodos foram demarcados pelo egiptólogo que os denominou de “Intermediários”, momentos que o Egito esteve governado paralelamente por mais de uma dinastia. Todavia, para os anos subsequentes ao “Novo Império”, o estudioso denominou-o somente como Antiguidade.

Baseando-nos na cronologia proposta por John Baines e Jaromir Málek (1996, 36-37), temos as seguintes datas: Dinástico Primitivo (c. 2920-2575 a.C.), Reino Antigo (c. 2575-2134 a.C.), Primeiro Período Intermediário (c. 2134-2040 a.C.), Reino Médio (c. 2040-1640 a.C.), Segundo Período Intermediário (c. 1640-1550 a.C.), Reino Novo (c. 1550-1070 a.C.), Terceiro Período Intermediário (c. 1070-712 a.C.), Período Tardio (c. 712-332 a.C.), Período Ptolomaico (já sob dominação grega; 332-30 a.C.) e Período Romano (como são designados os anos de dominação romana; 30 a.C.-395 d.C.), sendo que o presente texto foi construído dentro dessa ordem cronológica. As balizas que serviram de demarcação temporal para os recortes mencionadas acima, tiveram como parâmetro de referência momentos de estabilidade e de instabilidade sucedidos na terra das pirâmides, fossem eles de tanto de ordem política, social ou econômica.

A partir das novas datas estabelecidas por Lepsius, grande parte das obras de cunho egiptológico construídas a partir de então, tenderam a ser enquadradas na nova ordem apresentada pelo autor, ao mesmo tempo em que a sequência dinástica foi reafirmada e corroborada com o descobrimento das ‘Listas Reais de Abydos’, localizadas no interior dos templos erigidos por Séty I e seu filho Ramsés, na cidade de Abydos em 1864. Tais listagens foram esculpidas dentro dos cartuchos num dos corredores que ligavam as câmaras internas do templo, nas quais é possível ler os nomes dos soberanos desde Narmer, reconhecido como o unificador das ‘duas terras’, até os faraós da XIX dinastia, a qual estava em curso quando a sequência foi produzida, sendo essa enumeração a maior e a mais importante fonte classificada pelos egiptólogos para apresentar a formação das dinastias egípcias(COELHO & SANTOS, 2014, p. 04).

O egiptólogo Marcelo Campagno, aponta que,                 

 

“as listas de reis mostram que a monarquia sempre existiu, sendo sempre transmitida de pai para filho, pois não há um Egito sem um rei. Fazem parte, mais precisamente, de uma realidade inalterada e estão diretamente relacionadas ao culto aos antepassados. Desta forma, a estabilidade e a continuidade da monarquia eram preservadas por meio de oferendas para todos aqueles que eram vistos como governantes legítimos, e tal fato fica claro quando analisamos as imagens relacionadas a algumas destas listas, como a presente na Mansão de Milhões de Anos de Séty I, em Abydos  (2012, p. 39).

 

Seguindo outra sustentação definidora que indicou diretrizes para datar e subdividir o estudo da sociedade egípcia foi o material cerâmico, sendo que essa referência proporcionou retroceder ainda mais no tempo e atingir períodos mais remotos da sua história que, até então, eram negligenciados por estudiosos como recorte temporal, dada a escassez de fontes para sua análise.

Vale lembrar que, mesmo com a inserção desse padrão de análise a esse período da história egípcia, até o momento, não foi possível aclarar muitos dos contextos nele circunscritos, haja vista que até a atualidade prevalece muitas lacunas relacionadas aos primórdios dessa sociedade. Mas, sustentado nesse novo aporte, o francês William Matthew Flinders Petrie (1853-1942) criou um ordenamento sequencial de datação para os acontecimentos que se sucederam na fase pré-dinástica, assim subdividida: Pré-Dinástico Inicial (c. 5500-3800 a.C.) – Fayum, Merimde, Tarsiano/Badariano; Pré-Dinástico Médio (c. 3900-3600 a.C.) – Amrantiano/ Naqada I; Pré-Dinástico Tardio (c. 3600-3300 a.C.) – Gerzeano/ Naqada II; e Protodinástico (c. 3300-3100 a.C.) – início dos reinos regionais, Dinastia “0” (ASSUMPÇÃO, 2019, p. 107).

Observando a cronologia apresentada pelo autor, demonstra-se mais uma vez, como os estudiosos conferiram sentido ao passado dessa sociedade, bem como a necessidade que tiveram, cada qual a seu tempo, em estabelecer uma ordem específica de organização histórica para realizar a sua leitura. Luis Filipe Bantim de Assumpção quando analisa os modelos de regramento e o estabelecimento de normativas para a subdivisão de temporalidade denomina esse processo de ‘Sistema de Adequação’, afirmando que ele teria como principal objetivo o de permitir que os diversos e descontínuos fatos históricos sejam organizados numa ótica linear e sucessiva. Complementa ainda o autor que, tiveram o intuito de corresponderem ao propósito de seus investigadores e que quando instituídos, não lidam com práticas político-culturais das sociedades as quais remetem (2019, p.2).

Mas, independentemente do recorte cronológico utilizado para realizar o estudo de acontecimentos da sociedade egípcia, algo que não se pode negar, é que a busca para se conhecer cada vez mais sobre a ‘terra das pirâmides’, ainda é uma constante, interesse vindo desde a antiguidade, visto que não foram somente gregos e romanos que se debruçarem sobre ela. Diodoro da Sicília, Estrabão, Plutarco e Ptolomeo, e muitos outros estudiosos, forneceram abundantes informações sobre o mundo egípcio, as quais resistiram ao espaço e tempo, da mesma forma que se tornaram base para o seu estudo e que, por séculos, dominaram o quadro de referências para outros que os sobrevieram. 

Jean Vercoutter, destaca que durante a Idade Média o interesse pelo antigo Egito continuou presente, mas que passou a ser acompanhado pela sua visitação, entusiasmo que não foi exclusividade por parte dos europeus, mas também entre os asiáticos, sendo esse indicativo encontrado nos relatos deixados por peregrinos, antiquários e outros viajantes que o incluíram em suas rotas de viagens (2002, p.29). Nesse período as cidades como Roseta e Dannietta, localizadas na região do Delta, foram às que estiveram em primeiro lugar na lista de visitação, e a justificativa para a prevalência desses locais perante os demais, é que se buscava os descritos nos livros bíblicos de Gêneses e Êxodo do Velho Testamento, que faziam menção as pirâmides de Gizé e os celeiros de José [Personagem que na história hebraica/cristã foi traído pelos irmãos, vendido como escravo no Egito, para depois tornar-se governante, abaixo somente do faraó, livrando o Egito da fome através da interpretação de sonhos e estocando cereais]. O autor ainda afirmou que para outra parcela de europeus esse território foi apenas um lugar de passagem no percurso de peregrinação aos lugares santos, haja vista o contexto histórico e interesses religiosos que predominaram até então (2002, p.29-30).

Como área de difusão do cristianismo, as terras egípcias fizeram parte das descrições de explanações de monges peregrinos de diferentes ordens entre as quais estão a dos capuchinhos, dominicanos e jesuítas, que, a partir do século XVII, se estabelecem para difundir o Evangelho. Um exemplo dessa perspectiva foi à redigida pelo dominicano Vansleb que em 1672, a mando de Colbert, partiu ao Egito para comprar manuscritos e medalhas antigas, quando da cidade do Cairo rumou à região do Alto Egito e chegou aos antigos conventos coptas, além de ter sido o primeiro europeu a descrever as ruínas da antiga Antinéia, no Médio Egito.

Contudo, o despertar para a história do Egito de maneira mais ampla e generalizada, sendo apresentado como divisor de águas em relação à divulgação do antigo Egito no Ocidente, é a publicação intitulada Description de l'Égypte ou Recueil des observations et recherches qui ont été faites en Égypte pendant l'expédition française, elaborada a partir da coleta de informações realizadas pelos integrantes da expedição de Napoleão Bonaparte, que estiveram em solo egípcio no final do século XIX.

A expedição bonapartista, pode ser apresentada como uma organização que possuia dupla função,  militar e também científica, visto que foi formada com a presença de arquitetos, engenheiros, botânicos e copistas que, enquanto os militares lutavam com armas em punho, eles brigavam contra o tempo, manuseando papéis e lápis registrando o maior número possível de elementos da cultura local, para resenharam e reproduziram em minúcias objetos, plantas, animais, paisagens e monumentos egípcios, os quais foram revelados tempos depois por meio de palestras e manuscritos, sendo apresentados sob diferentes ângulos que perpassaram pela arquitetura, história, antropologia, botânica e geologia,  revelando a riqueza da cultura material egípcia, não somente por meio de papéis mas também pelos objetos que foram retirados e levados à França e que passaram a compor coleções particulares.

Outra forma de divulgação realizada a partir da exploração bonapartista aconteceu dezoito anos mais tarde, e se deu através da montagem do compêndio de vinte volumes, que além de possuir uma rica descrição textual, também exibia 974 gravuras e um atlas cartográfico. A excelente qualidade das imagens, bem como o seu tamanho, que ultrapassava os padrões da época, fez com que ela fosse apresentada como uma realização monumental, visto que, além de seu valor histórico também lhe foi atribuído valor documental, pois, principalmente com o advento da contemporaneidade desencadeou-se uma exploração desenfreada em solo egípcio, quando pilhagens e roubo de antiguidades  levaram a destruição de muitos dos sítios arqueológicos, fazendo com que muitas coisas fossem se perdendo não somente devido à falta de cuidados tanto com a coleta quanto o transporte dos objetos, mas também com o despreparo dos exploradores.

Contudo, foi nos primeiros anos do século XIX, mais especificamente entre os anos de 1809 e 1828 é que se redigiu a obra classificada como monumental e emblemática sobre a sociedade egípcia, e que serviu de referência para a egiptologia oiticentista, intitulada  Description de l’Égypte a qual concretizou, completou e desenvolveu o trabalho pioneiro de Vivant Denon. Sua diretriz foi pensada e produzida como uma produção completa sobre o Egito, cuja construção foi sustentada com base na herança dos integrantes da expedição napoleônica. Classificada como síntese etnográfica e geográfica sobre esse território, constituiu-se por popularizar o orientalismo na Europa ocidental, como destacou José Candeias Sales (2007, p.17).

Todavia, apesar de toda a euforia gerada com as divulgações promovidas pelos franceses tanto oralmente quanto impressa, é necessário salientar que até esse momento eram as impressões de terceiros que davam voz ao mundo egípcio, isso porque a escrita por eles criada não havia sido decodificada, processo que aconteceu anos mais tarde pelas mãos de Jean François Champollion, que anunciou seu deciframento a partir do conteúdo da Pedra de Roseta [A Pedra de Roseta foi encontrada em 1799, no Forte de São Jerônimo. Uma laje sólida de basalto negro, com 118 centímetros de altura, 77 centímetros de largura e 762 quilos. Nela está grafado um decreto de Ptolomeu V em três diferentes escritas: hierogífica, demótica e grega, datado de 196 a.C.. Mesmo com a pedra tendo sido roubada pelos ingleses quando do seu translado para a França, os franceses possuíam cópias em papel, e assim Jean-François Champollion e outros estudiosos puderam debruçar-se sobre a decifração da escrita hieroglífica. Atualmente faz parte do acervo do British Museum de Londres].

No ínterim entre as divulgações de olhares franceses sobre o Egito a partir da expedição de Napoleão Bonaparte e a realização da leitura da própria escrita egípcia, foi criada em território francês a cátedra de Egiptologia, trazendo mais luz a história dessa sociedade, cujo resultado desse trabalho fixou um legado esplêndido nas páginas das inúmeras obras por eles organizadas. Os egiptólogos caminharam na contramão dos que se interessavam apenas por aspectos exóticos dessa cultura e que promoviam a divulgação de reconstituições fantasiosas, na medida em que esses profissionais conduziram abordagens sérias e científicas criando espaços de discussão acadêmica de profícuas aprendizagens, revelando o mundo nilótico por outros ângulos que fugiam do imaginário e superficial que por muito tempo prevaleceu.

Diante das novas circunstâncias dentro dessa área, viu-se o estabelecimento e a prevalência de técnicas e métodos de escavações, ao mesmo tempo em que os caçadores de artefatos foram sendo combatidos e proibidos de agir, pautado na criação de uma legislação que buscava preservar o que foi edificado nas margens do Nilo, concomitantemente abriu-se espaço para profissionais publicassem os resultados de suas explorações. Nesse campo, um dos nomes que pode ser mencionado na egiptologia francesa do século XX é o de Christianne Desroches-Noblecourt, a qual foi integrante do Departamento de Antiguidades Egípcias do Museu do Louvre, cujo trabalho tem sua valoração não somente na sua produção textual, mas também como ativista em prol da cultura egípcia, sendo responsável pelo salvamento de monumentos antigos erigidos em território da Núbia que seriam abduzidos pelas águas com a construção da barragem de Assuã, quando em 1960, iniciou um movimento internacional de recolhimento de fundos que permitiu a desmontagem e a reconstrução de cerca de vinte grandiosos monumentos, que se não fosse essa iniciativa hoje estariam submersos. Christianne é produtora de grandes obras, sendo três aqui mencionadas e que podem servir de referência para outros pesquisadores que elegeram o Egito como objeto de estudo, são elas  L´Art Égyptien, Le Style Égypcienne, Peintures des Tombeaux et des Temples Égyptiens.

Outro gênero de escrita que proporciona conhecer momentos da história egípcia é por intermédio das biografias. Uma linha de conteúdo que caminhou diferentemente do que foi apresentado até aqui nesse texto, sendo um tema que aglutina o interesse de um público diversificado e não somente acadêmico, mas também leigo, que muitas vezes é movido pela curiosidade de conhecer a trajetória de vida de indivíduos que viveram no mundo nilótico.

Essa estrutura de narrativa sempre esteve presente enquanto produção da área de história, mas as formas utilizadas para suas construções nem sempre foram as mesmas, visto que sofreram variações dos contextos históricos específicos. O historiador Jacques Le Goff escreveu que “a biografia histórica nova, sem reduzir as grandes personagens a uma explicação sociológica, esclarece-as pelas estruturas e estuda-as através de suas funções e papéis” (1990, p. 7- 8).

Entretanto, quando pensamos no gênero biográfico que foi produzido no interior da cultura egípcia, não se deve perder de vista a ideia de que essa forma de narrativa inexistia no seio dessa sociedade como estrutura conceitual da maneira como é apresentada em períodos históricos mais recentes, a julgar que pretendiam retratar uma história que perpassava por conquistas, guerras, instituições, além de autoglorificam e exaltarem a figura dos autobiografados.

Um, dentre outros autores que se propuseram a produzir biografias dos egípcios está a do francês Pierre Grandet que, por suas mãos, a história do faraó Ramsés III (1184-1153 a C.) foi retratada, trazendo à tona novos elementos relacionados a esse período da história do Reino Novo Egípcio. Ramsés III - a história de um reino, nasceu como corolário da pesquisa do Papiro Harris I, descoberto em 1855, na região tebana, sendo essa folha apontada como o mais longo suporte produzido nesse material dentro dos seus 42 metros de comprimento, no qual feitos desse faraó ficaram registrados. Em relação ao documento, Araújo salienta que

 

“oferece uma preciosa «biografia» do faraó. A importância do seu reinado torna-se clara se tivermos em conta que foi sob o seu comando que a coligação dos denominados «Povos do Mar», que assolou e destruiu as civilizações da bacia do Mediterrâneo, foi detida, salvando o Egito da destruição que, noutros quadrantes, conduziu à queda da civilização micênica e da civilização minóica e de outros impérios do bronze. Apesar deste feito de proporções gigantescas, o final do seu próspero e ameaçado reinado foi marcado por uma tentativa de regicídio perpetrada no seu próprio harém” (ARAÚJO, 2001, p. 32). 

 

Todavia, vale lembrar que o elemento masculino não foi o gênero que prevaleceu como objeto de registro nesse molde de escrita, pois algumas mulheres egípcias também tiveram sua vida retratada nessa categoria como, por exemplo, Cleópatra VII, que governou o Egito entre os anos de 51 a 30 a.C. Sobre ela, inúmeros relatos foram produzidos desde a antiguidade, sendo Plutarco um dos responsáveis por deixá-la eternizada, quando sobre ela abordou em suas obras Vidas de Césares, Vidas Paralelas e Vidas de Antônio.

O historiador grego que nasceu anos depois da morte da rainha, se dedicou a escrever histórias de romanos ilustres. Sob o olhar masculino e num contexto dominado por homens, chegou à história de Cleópatra por meio da oralidade, destacando principalmente as informações apresentadas por Olímpio, médico e tutor da rainha. De lá para cá, Cleópatra foi uma governante que não ficou esquecida na história, uma personagem que teve sua imagem expandida principalmente na contemporaneidade alicerçada na indústria cultural, rodeada por discursos construídos que perpassaram séculos, sendo estereotipada como ícone de beleza e poder, além de ser uma das mulheres mais lembradas no imaginário quando se fala em Egito antigo. Em relação a Cleópatra, Oliveira mencionou que a sua história foi constantemente revisitada desde a sua morte, cuja vida acabou sendo contada e recontada por inúmeras pessoas e lugares por diferentes pontos de vista (2014, p.7).

Christian Jacq, foi um dos responsáveis por trazer à tona momentos de sua vida, em As Egípcias, aborda não somente esse ícone egípcio, mas também um conjunto de pequenas biografias de outras personagens da terra dos faraós. Na produção mostra ao público à história da faraona Hatchepsut (1479-1458 a.C.), que usou em público as insígnias de poder masculino, de Sobekhotep (1803-1749 a.C.) que reinou no fim da XII dinastia, de Nitócris (1998- 2192 a.C.), a obscura rainha cujo reinado encerrou a VI dinastia e de Tauseret (1191-1189 a.C.), a rainha controversa da XIX dinastia.

Contudo, através de outros campos a cultura egípcia se espalhou pelos quatro cantos do mundo, através da qual se pode fazer uma leitura do mundo nilótico, e a literatura é mais um dos suportes. As inúmeras produções nesse campo foram fixadas em diferentes bases e se constituíram em manifestações do pensamento egípcio de grande significância não enfocando exclusivamente aspectos culturais e religiosos dos indivíduos, mas, também, encaminhavam para mostrar outros elementos tanto da esfera privada quanto da realeza, sendo muitas histórias narradas ou protagonizadas por divindades.

Por conta disso, e diante das várias possibilidades de análise que essas fontes encaminham, esses materiais fogem do propósito de arte tal qual a literatura é apresentada na modernidade, visto que estava direcionada a uma função prática, sendo essa diretriz que a permeou desde que começou a ser elaborada no início da era dinástica, como destacou Luísa Barbosa Faria (2014, p.35). A autora menciona que a imaginação poética literária inclusive é encontrada na esfera mortuária, sendo que os textos funerários eram utilizados pelos faraós como forma de lhes garantir lugar na outra vida, destacando que,

 

“A literatura funerária oficial pode ser resumida em três grandes compilações, cada uma majoritariamente utilizada em períodos diferentes e com modificações, mas que seguiam os mesmos objetivos. Eram o Texto das Pirâmides do Reino Antigo, seguido pelos Textos dos Sarcófagos no Primeiro Período Intermediário e início do Reino Médio e o Livro dos Mortos no Segundo Período Intermediário e Reino Novo” (FARIA, 2014, p. 44).

 

Assim, recorrendo a literatura egípcia é possível observar o pensamento e a forma de viver dos moradores da terra das pirâmides, ao mesmo tempo em que faziam a ponte entre os eventos históricos e as criações imaginárias, que devem ser lidas e compreendidas dentro desse contexto cultural específico. Após a decodificação da escrita egípcia no século XIX, exemplares das suas composições literárias foram traduzidas para diversos idiomas e, muitas delas, podem ser acessadas virtualmente por intermédio de plataformas digitais, pois são divulgadas por núcleos de pesquisa centrados em vários países, principalmente os europeus. Miriam Lichtheim (1914-2004) foi uma das pessoas que se notabilizou pelo trabalho de tradução de textos literários do antigo Egito. A estudiosa que começou seus estudos na Universidade Hebraica, em Jerusalém, doutorou-se em Egiptologia na Universidade de Chicago e permaneceu nos Estados Unidos até 1982, ano em que regressou definitivamente a Israel. Publicou o primeiro volume da obra intitulada Ancient Egyptian Literature (AEL) em 1973, que centrou sua abordagem em escritos pertencentes aos períodos do Reino Antigo e Médio. Três anos mais tarde, em sua segunda publicação, a atenção foi para os produzidos do Reino Novo. Em 1980, no terceiro volume, as traduções centraram nos textos datados do primeiro milênio. Lichtheim, de acordo com Luís Manuel de Araújo, é uma autora conhecida pela atenção particular que dedicou aos textos conhecidos como sapienciais e também às autobiografias, isso porque estudou esses materiais com o intuito de analisar e caracterizar o discurso sobre a construção da moral e a regulação da conduta dos antigos egípcios (2018, p, 32).

No entanto, quando olhamos para o conjunto das escrituras elaboradas dentro do segmento literário egípcio, é possível observar que uma delas se destaca perante as demais produzidas nesse território, é o Livro dos Mortos. Tal afirmação se pauta no interesse que essa escritura despertou por parte de estudiosos de distintas áreas em utilizá-lo como objeto de pesquisa, bem como a sua função no interior do mundo nilótico. O que se tem como datação aparentemente certa sobre o Livro dos Mortos são as recensões. Elas são três: a Heliopolitana, Tebana e Saíta. A Recensão Heliopolitana, usada na 5a e na 6a dinastias, era escrita em hieróglifos na parede das tumbas de Saqqara. Posteriormente, na 11a e 12a dinastias, ele já era escrito em hieróglifos cursivos em esquifes. A Recensão Tebana era escrita em papiros em hieróglifos, na época da 18a até a 22a dinastias. E, em hierático, num período compreendido entre a 2 1a e 22a dinastias. Por fim, a Recensão Saíta era escrita em papiros, ataúdes, etc. Os caracteres usados eram hieróglifos, hieráticos e demóticos, compreendendo a 26a dinastia e as posteriores. Essa Recensão é considerada como a última do Livro dos Mortos.

Esse material era um agrupado de textos mágicos destinados a assegurar ao defunto uma travessia eficaz pelo mundo do Além, sendo de fundamental importância consultá-lo quando se pretende compreender elementos da espiritualidade egípcia, visto que através de suas páginas há possibilidade de se observar a relação que os indivíduos estabeleceram nas suas crenças em múltiplos aspectos. As diferentes formas da literatura egípcia nos ajudam a compreender como esse território foi visto por integrantes de outras culturas e temporalidades, sendo esse o caso da produção feitas por Luís Manuel de Araújo nominada Mitos e Lendas do Antigo Egito.  Nela, o autor faz a apresentação de um conjunto de hinos religiosos proferidos pelos moradores da terra da esfinge, além de evidenciar como esses escritos foram lidos por alguns viajantes franceses a partir da metade do século XIX. As impressões fixadas nos relatos de viagens é uma modalidade textual já conhecida entre os franceses dois séculos antes, visto que parte significativa das terras orientais já haviam sido mapeadas e estavam disponíveis a consulta, sendo duas das obras nessa linha foram produzidas pelo barão Dominique Vivant Denon (1747-1825), são elas: Viagem no Baixo e Alto Egito, e a de Jean-François Champollion (1790-1832) chamada Sumário do Sistema Hieroglífico dos Antigos EgípciosPor intermédio dos apontamentos de viagens é possível compreender como essa localidade foi vista, sentida e pensada em determinada temporalidade, sendo que uma das interpretações predominantes no século XVIII estava inicialmente a necessidade de legitimação da prevalência da relação dicotômica entre oriente e ocidente, posto que as terras orientais eram caracterizadas como lugar em que o exótico e o maravilhoso habitavam. Num segundo momento, principalmente depois que os viajantes entraram em contato com os nativos e permanecerem mais tempo na região, as terras orientais passaram a ser expostas como antagonistas ao ocidente, estando classificada como um terreno fértil e ideal para que os europeus comparassem sua cultura, identificada como superior perante a africana, proporcionando o afloramento de um sentimento pautado no direito de dominação, não somente de referências no aspecto cultural, mas, também, na esfera política, prática essa que aconteceu anos mais tarde.

A perspectiva da ideia de posse e superioridade por parte dos europeus em relação as terras orientais, principalmente às egípcias, ficou registrada nos escritos do francês Gustave Flaubert (1821-1881), que afirmou que quando esteve nessa localidade se deparou com inúmeras inscrições de nomes de viajantes europeus grafados em vários monumentos, tanto nas pedras que edificavam os templos quanto nos muros que demarcavam limites de edificações, inclusive em algumas pirâmides, sendo a prática por ele sinalizada como o estabelecimento de relação de posse, defendendo o entendimento de que essas edificações pertenciam aos europeus, chegando ao ponto de algumas delas serem removidas para cidades europeias como por exemplo o obelisco que está fixado no centro de Paris, fruto desse contexto de retirada. A obra publicada por Flaubert com o título Voyage em Égypte:  octobre 1849-juillet 1850, pode servir de parâmetro para a construção identitária de um segmento de indivíduos que comungavam de um mesmo princípio relacional de submissão do oriente em relação ao ocidente, como retratou o autor. Entretanto, o debate acadêmico entorno desse modelo de narrativa não finalizou no século XIX, uma vez que está presente entre pesquisadores contemporâneos, entre os quais se insere François Hartog que estão revisitando a temática e voltando seu olhar para o que foi produzido no discurso que colocou frente a frente o oriente e o ocidente. Hartog aprofunda e reafirma a ideia da perspectiva da alteridade, e que cada vez mais se tornou notória, pois a dualidade do ‘eu’ e a do ‘outro’ ficou estabelecida, a partir do momento em que se criou um oriente completamente oposto ao ocidente.

Seguindo viés semelhante ao defendido por Flaubert, porém em outra temporalidade, temos as impressões sobre o Egito registradas por Eça de Queirós, que lá esteve por ocasião da inauguração do canal do Suez. Sua obra, com publicação póstuma, foi intitulada O Egipto: Notas de Viagem, cuja redação seguiu o estilo de um diário construída página a página, apresentou fragmentos de um mundo que estava prestes a desaparecer, revelando instantes fugazes de quem viu parte da história de uma sociedade ser engolida pela água, quando as comportas se abriram inundando séculos de história, sentimentos esses que foram transportados para o papel quando o autor buscou eternizá-lo através de metáforas por intermédio de palavras. O livro de Queirós também se tornou um guardião do seu olhar sobre a vida nas grandes cidades do Egito contemporâneo, tais como Alexandria e o Cairo, incluindo menção aos costumes locais, o que lhe é conferido atualmente um interesse etnográfico. Contudo, através das suas descrições nos é permitido recuar no tempo, devolvendo a visão de um Egito impoluto, ainda subordinado aos ritmos de um Nilo todo poderoso que hoje se eclipsou por completo, conforme destacou Luis Manuel de Araújo (2018, p.32).

Esse modelo de narrativa que teve foco nos relatos de viagem ao Egito atravessou o oceano e chegou ao Brasil, sendo essa leitura realizada pelos olhos do imperador D. Pedro II quando deixou em folhas de papel suas impressões sobre a terra das pirâmides, após as duas viagens que fez a algumas cidades egípcias. Por ocasião da primeira estadia, os escritos foram realizados entre os dias 03 e 14 de novembro de 1871, cujo conteúdo foi digitalizado por membros do Museu Imperial do Rio de Janeiro, sob a coordenação de Begonha Bediaga, que foi publicado sob o título Diário do Imperador D. Pedro II.  Na segunda, os registros aconteceram entre os dias 11 e 23 de dezembro de 1876, e por intermédio da Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em 1909, temos acesso a leitura do monarca com o título Viagem ao Alto Nilo.

Jacqueline Monteiro dos Santos, analisou o conteúdo dos dois momentos que foram grafados, que assim os apresentou:

 

“o primeiro deles, escrito com uma linguagem simples e de fácil compreensão, era destinado a uma pessoa em específico: uma grande amiga, que supomos ser a Condessa de Barral, devido à grande aproximação, intimidade e amizade existente entre os dois; no segundo, observou-se uma grande transformação na maneira de se escrever: a linguagem tornara-se polida, erudita e de difícil compreensão, onde o imperador brasileiro dialoga com importantes nomes da Egiptologia do período, conhecidos em ocasião de sua primeira viagem, e com autores clássicos que se dedicaram, em parte, à sociedade egípcia, tais como Heródoto, Diodoro e Estrabão” (2010,  p.5).

 

Em relação ao segundo, Viagem ao Alto Nilo, a ideia construída foi a de

 

“um antigo Egito, traçando, através de seus monumentos e registros encontrados nas paredes, uma histórica com aspectos míticos, religiosos, políticos e culturais. Descrições de paisagens, onde a geografia e o clima são sempre apontados como fascinantes; conhecimento dos estudos que estavam sendo desenvolvidos, onde constrói um antigo Egito a partir de uma confluência entre o que se leu e o que se viu; e preservação patrimonial e preservação da memória” (SANTOS, 2010, p.6).

 

Nos diários de viagem do imperador podemos observar a presença de dois Egito, um antigo e o outro moderno, porém os dois embebidos por ideias e conhecimentos oriundos do Velho Mundo. Nelas se apresentou um contraste de uma territorialidade que havia sido imponente e esplendorosa num tempo remoto e que foi vivido há mais de quatro mil anos e, de outro, de uma civilização decadente apenas se salvando num panorama de hábitos atrasados os que se mantiveram em contato com as populações europeias e com modelos civilizatórios difundidos, principalmente, pela Inglaterra e França.

        

Considerações Finais

As informações apresentadas nesse texto que tem como foco central o território do Egito antigo, evidenciam que o interesse em conhecer o que se passou na terra das pirâmides foi uma constante entre os indivíduos de diferentes áreas de conhecimento e que foram descritas a partir de diferentes pontos de vista.

Também é possível constatar que nem as intempéries do tempo e as areias do deserto conseguiram encobrir sua história milenar e os vestígios por eles construídos, sendo que, no decorrer do tempo e através dos próprios vestígios, é que as interpretações e reflexões sobre essa cultura foram sendo construídas, reafirmadas ou, em muitos casos, descartadas.

Dessa forma, reafirma-se que a história do povo egípcio antigo transpassou fronteiras territoriais, graças à atuação de indivíduos que deixaram registradas suas leituras, e que servem de suporte para se pensar essa sociedade, dentro e fora do seu tempo, como foi o objetivo desse trabalho.

 

Referências

Professora Associada da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Doutora em História pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Integrante do curso de pós-graduação Mestrado Profissional Ensino de História (PROFHIST) da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

 

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6 comentários:

  1. Bom dia, profa. Maura Petruski! Inicialmente, parabéns pelo seu texto! Gostei muito da leitura! Eu só gostaria de tirar uma dúvida. No início do texto, quando cita o início dos registros históricos, há alguma razão específica para não ter citado o Heródoto? Eu já vi, em algum lugar, que havia uma polêmica em que alguns pesquisadores colocavam em dúvida se ele realmente teria estado no Egito. Então, fiquei pensando se a ausência dele foi intencional ou apenas uma coincidência. Desde já obrigado!

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  2. Bom dia! Parabéns pelo artigo.
    Apesar de muitos terem escrito sobre o Egito antigo, percebo que a maioria das pessoas - mesmo entre historiadores - possui um conhecimento superficial e muitas vezes até preconceituoso sobre esse povo. O que pode ter contribuído para isso? Seria a abordagem superficial nas escolas?

    Ana Paula Sanvido Lara

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  3. Boa tarde,

    Em certa parte do texto é afirmado que os livros de Gênesis (sic) e Êxodo apresentam descrições relacionadas às pirâmides de Gizé e celeiros de José. De quais porções (referências) dos livros supracitados é que se chega a tais conclusões?

    Obrigado,

    Att. Luís Fernando de Souza Alves

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  4. Boa noite! Parabéns pelo texto. Foi muito válido saber um pouco mais a respeito do Egito Antigo. Haja vista que sempre é um assunto que mostra revelações surpreendentes, em especial sobre a administração e a política desse cheio de mistérios. Obrigada por compartilhar seus conhecimentos.

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  5. Boa noite professora.

    Sabemos que devemos muito sobre os estudos do Egito Antigo, aos historiadores europeus, que romantizavam esta sociedade tida como muito evoluída na antiguidade, estes faziam em seus estudos um contraponto com as demais sociedades do chamado mundo antigo, apresentando as características políticas econômicas e sociais. Estes mesmos historiadores europeus no auge do colonialismo no continente africano, buscaram justificar a dominação destes territórios , criando discursos que diminuíam a importância destes povos dentro da história, Porém para estes historiadores incutidos do ideal civilizatório e preconceituoso europeu da época, era impossível negar a magnitude do Egito e da sua história.
    No Brasil, fomos e ainda somos, influenciados pela historiografia europeia sobretudo quando trabalhamos no ensino com o ensino fundamental ll e médio, aonde ainda adotamos em grande parte o modelo de ensino histórico tradicional, faço esta afirmação com base nas próprias propostas e modelo apresentados nos currículos escolares de História.
    Percebemos ainda nestes mesmo currículos ao longo dos anos uma redução na importância do estudo histórico do Egito, muitas vezes só pontuados em breves aspectos nos livros didáticos, pergunto a professora , ao que se deve esta redução da importância do estudo da civilização egípcia nas educação brasileira e ainda, se existe a possibilidade de revertemos este quadro?

    Desde já lhe agradeço por compartilhar tão excelente texto?

    Wander da Silva Mendes

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  6. Boa noite! Parabéns pelo texto, muitas informações importantes e de fácil compreensão. De forma geral os currículos das universidades destinam pouca carga horária para as cadeiras de História Antiga e quando falamos de Antiguidade Africana esse tempo é ainda menor. Diante desse déficit, quais as indicações bibliográficas da senhora para amenizar esse problema durante a formação?

    Att. Gabriela Teodósio.

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