Francismara de Oliveira Lelis

QUANDO OS FARAÓS DESFILAM NO PRESENTE: A MARCHA DOURADA DOS FARAÓS NO EGITO CONTEMPORÂNEO (2021)

 

Em um sábado, 3 de abril de 2021, o mundo assistiu admirado um desfile faraónico, como um sonho orientalista. Foi a “The Pharaós’ Golden Parade”, um espetáculo organizado pelo governo egípcio para transferir as múmias de 18 reis e 4 rainhas que estavam em exposição no antigo Museu Egípcio do Cairo para o novíssimo e moderno Museu Nacional da Civilização Egípcia.  O grandioso evento foi organizado pelo Ministério do Turismo e de Antiguidades do Egito e contou com celebridades egípcias, orquestra, banda do exército, centenas de artistas com figurinos elaborados, além dos carros artisticamente e tecnologicamente modificados para carregar as múmias reais com segurança para a sua nova e requintada morada.

O cortejo foi transmitido para 18 canais internacionais, foi noticiado por TVs do mundo todo e figurou nas páginas dos portais de notícias. Foi um verdadeiro banquete para os olhos e por isso mesmo nos provoca a olhar novamente e observar as camadas que envolveram as escolhas e gestos que construíram esse espetáculo e as relações de poder que perpassam a arqueologia, a história e a memória egípcias. Nada nesse evento foi aleatório ou neutro, mas sim um aceno consciente para uma determinada imagem nacional egípcia: mais moderna, principalmente aos olhos ocidentais, mas ainda assim atrelada à uma ideia de passado grandioso.

 

Um museu para cada tempo

O Museu Egípcio do Cairo, onde as múmias estavam expostas até então, foi construído no processo de cristalização da egiptologia, quando a arqueologia praticada no Egito abandonou a “caça ao tesouro” do início do século XIX, que dilapidava muitos patrimônios para abastecer o mercado europeu de antiguidades, para um processo mais metódico e científico, marca da transição para o século XX [SALES, 2002, p.104]. É interessante ressaltar que tanto a predatória caça ao tesouro, quanto a construção de uma arqueologia científica para lidar com o Egito Antigo, eram duas facetas de uma mesma formação discursiva orientalista, que colocava os interesses europeus/ocidentais como determinantes da forma em que se abordava e moldava esse local “oriental”.

Edward Said analisou diversas obras produzidas pelo Ocidente acerca dos países e povos considerados orientais, como o Egito, e identificou uma ordem do discurso que não se propunha a ser fiel à realidade dessas sociedades, mas sim aos anseios e expectativas ocidentais. Assim, o Oriente era estranho, medonho, mas ao mesmo tempo também era sedutor e fantástico, e como tal deveria ser dominado, estudado, catalogado, explorado e usufruído:

 

“Orientalismo pode ser discutido e analisado como instituição autorizada a lidar com o Oriente – fazendo e corroborando afirmações ao seu respeito, descrevendo-o, ensinando-o, colonizando-o, governando: em suma, o Orientalismo como estilo Ocidental para dominar, reestruturar e ter autoridade sobre o Oriente.” [SAID, 2007, p.18]

 

Dialogando com Said para pensar as mudanças na arqueologia que se dedicava ao Egito Antigo na transição do século XIX para o XX, é possível perceber a permanência do Orientalismo, pois, mesmo abandonando a caça ao tesouro que abasteceu muitos museus europeus  e que podem ser entendidos como uma prática orientalista mais palpável e destruidora, as relações de poder entre ocidente e oriente também irradiam de outras fontes menos óbvias como a academia e as suas áreas de conhecimento, onde é a epistemologia europeia que institui um novo campo de conhecimento: a egiptologia, um saber/poder autorizado a lidar com o Egito Antigo e determinar o que era relevante, memorável e o que era de menor importância, ou perigoso, que deveria ser interditado.

Foi a partir da invasão napoleônica em 1798 (e posteriormente com a dominação britânica) que a Europa redescobriu o Egito, principalmente seu passado antigo que povoou o imaginário ocidental com suas múmias e tesouros, o que provocou um grande fluxo de turistas e pesquisadores que produziram um grande número de obras artísticas e acadêmicas versando sobre o Egito. Também resultou na criação de um mercado desregrado de artefatos históricos. Uma verdadeira egiptomania.

O interesse europeu em catalogar e organizar o Egito para melhor explorar, levou à busca de melhores técnicas de escavação de sítios arqueológicos e de preservação dos artefatos, como também a necessidade de criar um espaço adequado para a exibição desses fragmentos do passado, como o Museu Egípcio do Cairo. Inaugurado em 1902, seu acervo foi inicialmente reunido pelo francês Auguste Mariette, diretor do Serviço Egípcio das Antiguidades e criador do Museu de Boulaq (1863-1889) onde armazenava os artefatos.

 

“Além de responsável pelas autorizações de escavação e pelos vários trabalhos arqueológicos em território egípcio, o maamur empenhou-se em reunir todo o espólio desses trabalhos no Museu Arqueológico de Boulaq (a norte do Cairo, na zona atual de Zamalek), fundado e instalado em antigos armazéns do porto do Cairo justamente para melhor preservar e guardar os objetos achados. Inaugurado em Outubro de 1863, já sob o governo de Ismail Paxá (1863-1879), o Museu de Boulaq com as suas 6500 peças iniciais, constituiria, assim, o antecessor do Museu Egípcio do Cairo, da atual Praça Tahrir.” [SALES, 2002, p.93-94]

 

O Museu Egípcio do Cairo, construído a partir do projeto do arquiteto francês Marcel Dourgnon, em estilo neoclássico, foi a materialização da egiptologia enquanto campo de conhecimento, criado e moldado a partir da ótica europeia, de curiosidade com a antiguidade egípcia, um local mítico e mágico que povoava o imaginário ocidental, sem ter preocupação em conectar o empreendimento com a realidade local. Esse museu satisfazia as demandas políticas e culturais do início do século XX, mostrando a abundância de artefatos antigos, a exuberância desse passado mágico, exibindo a materialidade que retroalimentava a fantasia orientalista. Mas em 2021 esse museu é anacrônico com seus armários de vidro abarrotados de objetos, tudo tão típico de outros tempos e de outras formas de se pensar e montar as exposições.

 

“Assim, no Museu Egípcio as coleções estão longe de serem expostas em vitrines de vidro sem bordas, destacadas em suportes acrílicos e impecavelmente iluminadas por focos de luz matizada, [...] comuns em seus congêneres europeus. Lá estão quase empilhadas, dada a profusão de peças, em armários de madeira com portas de vidro como os que se usavam nos antigos gabinetes e laboratórios de universidades. As peças, ao invés de serem selecionadas e individualizadas, legando as similares aos galpões da reserva técnica, estão expostas repetidamente.” [MACEDO, 2021, s/p]

 

O antigo Museu do Cairo não se encaixa mais no projeto político do atual governo egípcio, liderado por Al-Sisi desde o golpe de Estado em 2013 que depôs Mohamed Morsi. É um museu antiquado, descolado do tempo, que não se atualizou, não se modernizou e por isso não contribui mais para as atuais necessidades do Estado egípcio. O fator mais evidente é a importância que o turismo tem na economia egípcia, que ficou extremamente abalada após as revoltas populares de 2011 e novamente com a pandemia de Covid-19 em 2020.

Nesse contexto, a construção de dois novos museus [o Museu Nacional da Civilização Egípcia e o Grande Museu Egípcio] acenam para o mundo a atualização da expografia egípcia, aos moldes modernos da “assepsia civilizatória dos museus europeus e estadunidenses” [MACEDO, 2021, s/p] e portanto, um destino adequado e civilizado para receber os turistas, mas ainda assim “exótico” e “mítico” para satisfazer as fantasias orientalistas, ou seja, os novos museus tornam a fantasia orientalista mais interessante para o turista ocidental, pois oferece uma estrutura moderna/ocidentalizada que torna o Egito mais palatável para esse público. E o desfile dourado dos faraós envia essa mensagem para o mundo todo.

 

Lyz Taylor eterna

A dominação francesa e inglesa deixou marcas na sociedade egípcia. A circularidade cultural fez que parte dos discursos orientalistas fosse absorvidos e apropriados pelos egípcios, que podem sim fazer um uso ativo de elementos advindos do colonizador, inclusive na construção de uma identidade nacional. O desfile dos faraós utilizou aspectos orientalistas que podem comover a população egípcia, mas principalmente o público ocidental, se servindo de símbolos familiares ao imaginário do público estrangeiro, como o cortejo de mulheres com figurinos que remetem à figura de Cleópatra interpretada por Elizabeth Taylor no filme de 1963.

Lyz Taylor entrou para o imaginário orientalista como a perfeita personificação de Cleópatra, a rainha egípcia que seduziu dois poderosos líderes romanos, e por isso fazia sentido que Cleópatra correspondesse aos ideais de beleza europeus, uma mulher branca, com olhos de um azul raro e ricamente trajada de pedrarias e metais preciosos. Não importava a real aparência que a rainha Cleópatra teve, mas sim a construção de uma imagem condizente com a visão ocidental acerca do Egito Antigo.

Essa imagem de Lyz Taylor como Cleópatra foi extremamente efetiva, se cristalizando no imaginário e provocando impactos na realidade, que até a menor referência estética é identificada e associada. Essas referências estavam presentes no cortejo de mulheres que abriu o Desfile Dourado, nos figurinos dos grupos de dança e nos vestidos de gala das cantoras convidadas.

A Cleópatra de Taylor se tornou símbolo de um ideal de mulher egípcia desejado no imaginário orientalista: uma mulher fisicamente europeia (branca) mas adornada por tesouros “orientais”, inserida num cenário mítico e disponível aos interesses sexuais estrangeiros. Esse estereótipo foi acionado pelo desfile, não deixando muitas brechas para a diversidade das mulheres egípcias.

Além dos figurinos das dançarinas, as performances apresentadas também merecem ser analisadas. Tanto as coreografias apresentadas pelos grupos que participaram do cortejo, quanto as apresentações realizadas em frente às grandes pirâmides de Gizé e do templo de Hatshepsut, utilizaram posicionamentos de braços, cabeça e mãos que facilmente são associados à iconografia do Egito Antigo.

Porém, o posicionamento dos corpos na arte oficial do Reino Novo não objetivava retratar movimentos, mas deixar visível o máximo dos membros dos corpos representados, sem sobrepô-los nem os esconder. Por isso a opção por uma arte bidimensional, sem profundidade, para que nada estivesse oculto. Segundo Balthazar:

 

“Ao tentarem mostrar o máximo de traços daquilo que se ilustra, os egípcios preferiam representar o rosto das pessoas em perfil; os olhos e a boca eram considerados como melhor vistos de frente, para tanto, no rosto em perfil, eram colocados um olho inteiro e metade da boca de frente; os ombros também eram representados de frente, enquanto o tórax e os seios femininos de perfil; já o ventre e o quadril eram colocados em três quartos, para que se pudesse representar o umbigo; as pernas e os pés, por sua vez, apareciam em perfil; e, quando entendido como necessário, as mãos eram desenhadas de maneira igual, ou melhor, duas mãos direitas ou esquerdas, com o objetivo de que a posição do polegar ficasse bem clara.” [2011, p.36]

 

Portanto, as coreografias apresentadas durante o Desfile Dourado não são referências a possíveis danças da antiguidade, de possíveis rituais em honra de deusas ou para agradecer a fertilidade das terras banhadas pelo Nilo. As performances executadas pelas bailarinas trajadas como a Cleópatra de Lyz Taylor podem ser entendidas como uma montagem contemporânea inspiradas nas pinturas do Egito Antigo, criando algo novo com ares de antigo, sem pretensão de representar alguma dança egípcia de algum tempo histórico anterior, mas corporificar imagens que remetem às paredes de templos, que comunicam ao imaginário sobre mistérios, maldições e tesouros, não a realidade de algum cotidiano do Egito Antigo.

 

Reis e rainhas que marcham no brilho do tempo

É interessante analisar que dentre os artefatos que estavam no antigo museu do Cairo, os escolhidos para serem transferidos com toda pompa para o novo museu foram exclusivamente as múmias de reis e rainhas. Nenhuma outra múmia, nenhum outro objeto, faraónico ou não. O que estava sendo transferido não eram apenas múmias, mas imagens que personificam o poder do Egito Antigo, na forma em que ficou conhecido no imaginário orientalista, o mito do Egito Eterno, como abordado por Pires [2019, p.294]: Um governo forte política e militarmente, onde a grandiosidade da civilização está atrelada à potência dos seus governantes.

O presidente Abdel Fattah Al-Sisi em frente ao novo Museu Nacional da Civilização Egípcia, recepcionando os reis e rainhas desse passado glorioso, se coloca como legítimo herdeiro desses governantes, representante de uma genealogia de poderosos líderes. Al-Sisi e seu governo, ao reivindicar essa herança histórica, projeta na identidade nacional egípcia não o Estado fundado após a revolução de 1952, mas a civilização de 4 mil anos atrás, o “berço civilizatório”. [FIGUEIREDO, 2021, s/p]

O poderio militar é mais um elemento do desfile dourado que reforça a imagem de poder dos faraós. Os carros que transportavam as múmias reais, modificados para garantir a preservação delas, foram produzidos pelo Ministério da Defesa e da Produção Militar. As múmias reais foram escoltadas por atores em carruagens puxadas por cavalos, em referência às bigas de guerra dos faraós.

 

“São inúmeras as iconografias em que os faraós, chefes de Estado, aparecem massacrando seus inimigos estrangeiros. Tais imagens, presentes desde sandálias até paredes de templos, transmitem, através de um indivíduo, toda a potência de um Estado, sua capacidade de se sobressair, de conquistar seus objetivos e de, assim, obter respeito dos demais povos. O exército egípcio, nas fontes locais, é sempre vitorioso. A derrota simplesmente nunca acontece, ao menos textual e iconograficamente.” [PIRES, 2019, p.306]

 

Essa suposta continuidade do poder militar é acionada pelas forças armadas, principalmente pelos seus líderes, como capital político. E nas imagens construídas pelo Desfile, Al-Sisi se coloca como esse grande líder de Estado com um grandioso exército à sua disposição. O que aponta para um aspecto ressaltado por Walter Benjamin em uma de suas teses sobre a história:

 

“(...) Ora, os que num momento dado dominam são os herdeiros de todos que venceram antes. A empatia com o vencedor beneficia sempre, portanto, esses dominadores. (...) Todos os que até hoje venceram participam do cortejo triunfal, em que os dominadores de hoje espezinham os corpos que estão prostrados no chão. Os despojos são carregados no cortejo, como de praxe. Esses despojos são o que chamamos bens culturais.” [Tese 7]

 

Esse cortejo dourado dos vencedores, que sufoca outras memórias e outras histórias egípcias, é acionado pelo governo de Al-Sisi, não só ao utilizar as múmias reais, como também por utilizar a estética e o discurso orientalista, elementos historicamente produzidos pelos “vencedores”.

 

O desfile que não finda

O Desfile Dourado foi um reluzente letreiro apontando para o Egito e demonstrando como ele modernizou seus métodos de conservação e de exposição de antiguidades, mas sem deixar de ser a terra misteriosa dos faraós. A fantasia orientalista é até mesmo potencializada com as mudanças feitas para atrair o turismo internacional, proporcionando ambientes ainda mais imersivos. As grandes placas em inglês identificando as múmias que estavam sendo transportadas não eram aleatórias, estavam ali para serem facilmente lidas pelo público estrangeiro que estivesse acompanhando o desfile pela TV. E elas diziam sem dizer: estamos preparados para vocês.

Esse evento também envia uma mensagem clara de que o responsável por todo esse empreendimento faraônico é o governo de Al-Sisi. Mas ele não é o primeiro a lançar mão da história egípcia como instrumento político. Os usos da antiguidade egípcia para municiar projetos políticos locais são práticas identificáveis no processo de independência em 1952, por exemplo. Segundo Pires: “Durante o processo de emancipação egípcia, o Egito Eterno foi utilizado como elemento unificador dos grupos que habitavam o território de hoje – e “sempre” – reconhecido como Egito, fazendo com que as diferenças fossem, se não eliminadas, ao menos amenizadas.” [ p.302]

A partir da crise do governo Morsi, os elementos do Mito do Egito Eterno que são acionados vão além da ideia de uma unidade nacional e buscam positivar regimes centrados em um único indivíduo, como promotores de grandes feitos e mantenedores da estabilidade social. Al-Sisi e seu governo utilizam esses elementos para consolidar seu status internamente e também externamente, buscando estreitar relações internacionais e elevar ainda o papel político do Egito no norte da África e Oriente Médio.

É importante ressaltar que os planos dos novos museus não são recentes e já eram gestados na década de 90, num processo de abertura para capital externo. Mas o governo de Al-Sisi soube capitalizar em cima desse projeto, aproveitando a oportunidade para realizar esse evento grandioso para a transferência das múmias reais.“Tudo indica que os grandes empreendimentos culturais são, na verdade, grandes investimentos turísticos atrelados a mega projetos de arquitetura contemporânea, sem conexão com a realidade local (...)” [MACEDO, 2021, s/p]. Satisfazer os desejos orientalistas continua sendo um bom negócio.

É relevante pensar também sobre a escolha do nome do novo museu que agora abriga as múmias reais: Museu Nacional da Civilização Egípcia. Um nome que liga a nação egípcia contemporânea com a civilização egípcia da antiguidade. Mas também remete à ideia iluminista de “civilização” como projeto de desenvolvimento das sociedades, em oposição ao que era considerado bárbaro, sendo esse um argumento orientalista que justificou a dominação imperialista europeia no séc. XIX como uma missão civilizadora. Estaria o Egito sendo “civilizado” novamente? Nas palavras do presidente egípcio antes do Desfile Dourado dos Faraós:

 

“Convido todos os egípcios e o mundo inteiro a acompanhar este evento único, inspirado no espírito dos grandes antepassados, que preservaram a nação e criaram uma civilização da qual toda a humanidade se orgulha. Vamos continuar nosso caminho, o caminho da construção e da humanidade.”

 

Um caminho para o “progresso civilizatório”? Um retorno para um passado glorioso? Um “renascimento” egípcio? Essa instrumentalização de uma determinada ideia de passado está muito mais ancorada nos interesses contemporâneos e seus projetos políticos do que nesse passado idealizado.

 

A título de conclusão…

... O passado egípcio está presente no Egito contemporâneo, mas não só com seus faraós e grandes monumentos, como também outras temporalidades que se aterraram às margens do Nilo com seus múltiplos atores. Esses passados que ainda não passaram, mesmo sem a pompa e ostentação de um desfile faraônico, continuam sendo vivenciados, produzidos, silenciados, reelaborados pela população egípcia de diferentes formas, compreensíveis ou não para nós estrangeiros.

O desfile das vidas submersas continua, não é televisionado..., porém, se estivermos atentos, talvez consigamos vislumbrá-las.

 

Referências

Francismara de Oliveira Lelis é doutoranda em História pelo PPHR/UFRRJ, mestra em História pela mesma instituição e especialista em História do Brasil pela UFF. Atua como docente no ensino básico da SEEDUC-RJ.

BALTHAZAR, Gregory da Silva. O Corpo Ideal: Um estudo sobre o feminino na arte régia do Reino Novo (cc. 1550-1070 a.C.). NEArco – Revista Eletrônica de Antiguidade. Vol.1, Ano VI, n. 2. Rio de Janeiro: UERJ/NEA, 2011

BENJAMIN, Walter. Teses sobre o conceito de história. 1940. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. Disponível em: . http://www.antivalor.kit.net/textos/frankfurt/benjamin_01.htm

FIGUEIREDO, Filipe. As mensagens do espetacular cortejo de múmias no Egito. Disponível em:

https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/filipe-figueiredo/as-mensagens-do-espetacular-cortejo-de-mumias-no-egito/

LEÃO, Natália Munaro de. As (re)descobertas dos viajantes e exploradores no Egito dos Séculos XVIII e XIX. Oficina do Historiador, Porto Alegre, EDIPUCRS, v. 8, n. 1,jan./jun. 2015.

MACEDO, Suianni Cordeiro. Os bárbaros e o cortejo civilizatório das múmias. 2021. s/p. Disponível em: Humanas – Pesquisadoras em rede (site): https://www.humanasrede.com/post/os-b%C3%A1rbaros-e-o-cortejo-civilizat%C3%B3rio-das-m%C3%BAmias

PIRES, Rafael dos Santos. O Mito do Egito Eterno: Desenvolvimento acadêmico, impactos políticos. In Faces da História. Vol. 6. Assis/ SP. Jul/dez. 2019.

SAID, Edward W. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. Tradução Rosa Eichenberg. 1 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

SALES, José das Candeias. A Arqueologia Egípcia no século XIX: da “caça ao tesouro” à salvaguarda da herança faraônica. Revista Cadmo. no12, Instituto Oriental – Universidade de Lisboa, 2002.

14 comentários:

  1. Bom dia. Parabéns pelo texto, foi de grande valia saber um pouco mais a respeito do Egito Antigo e suas respectivas curiosidades. E, como o governo egípcio procurou manter sua história antiga preservada com a construção de um Museu moderno, conservando assim suas múmias para futuros estudos de pesquisas acadêmicas e incentivando o turismo como uma forma de conhecimento histórico.
    Sou graduanda no curso de História, e sempre gosto de me informar sobre novos estudos e informações do Egito Antigo.

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    1. Oi Valéria! Que bom que gostou do texto.
      Realmente é muito interessante perceber as camadas de temporalidade e os usos do passado, as formas de elaboração da memória.
      Sucesso na sua graduação!

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  2. Boa noite. Muito bom seu trabalho. Achei interessante sua colocação sobre as múmias que foram transferidas de um museu para outro. Quando falamos em museu vem em mente os objetos antigos que são expostos para serem observados pelos visitantes, porém, é um pouco estranho imaginar que as peças do museu são múmias. Não tenho conhecimento sobre o assunto, gostaria de saber como essas múmias ficam expostas no museu. Tem uma proteção? onde elas ficam? fiquei curiosa, porém sem coragem de pesquisar e ver.

    INÊS VALÉRIA ANTOCZECEN

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    1. Oi Inês! Obrigada pelo seu comentário.
      Diversos museus expõem múmias, de diferentes culturas. O Centro Cultural Banco do Brasil, por exemplo, já trouxe uma exposição muito interessante sobre o Egito Antigo para o Brasil, com diversas múmias, sarcófagos, outros objetos e estátuas (inclusive múmias de gatos). Dependendo do grau de preservação, elas não são assustadoras (risos) e geralmente são expostas em caixas de vidro, tipo uma vitrine, com iluminação adequada. Acho que vale a pena você procurar as imagens do 'The Pharaós’ Golden Parade, é um espetáculo grandioso e muito bonito, onde as múmias foram transportadas em toda a sua realeza.

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  3. Olá Francismara
    Parabéns pelo seu texto, realmente o evento mencionado foi um golpe de marketing do governo para mostrar ao mundo "O passado, o presente e o futuro", o uso político foi leve mais mostrou a todos as intenções do atual governo.
    Na sua opinião esse uso por parte do governo não pode afetar como as nações e o público em geral veem o museu egípcio em sí?

    Anderson da Silva Schmitt

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    1. Oi Anderson!
      Obrigada por seu comentário, é uma ótima questão.
      Eu não sou da área de relações internacionais, sou historiadora, mas acredito que o objetivo do governo Egípcio é que essa "jogada de marketing", como você pontuou, afete positivamente a imagem egípcia no cenário mundial. A construção dos novos museus contou com investimento estrangeiro, profissionais que atuam em museus ocidentais foram contratados para contribuir com o projeto. Faz parte do jogo geopolítico.
      Já com o público em geral, é um espetáculo o desfile, os novos museus são incríveis, grandiosos. Nós somos muito afetados por esse imaginário orientalista de encantamento com o Egito. Então, mesmo com todas as questões políticas que atravessam esse projeto (como qualquer outro, tudo tem sua dimensão política), o espetáculo, a beleza, a mistura do antigo com o moderno, tudo isso continua sendo muito sedutor para o público.

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  4. Lara Raquel de Souza e Maia7 de outubro de 2021 às 16:12

    Boa tarde Franscismara, que texto incrível! Sou graduanda em licenciatura em História na UERN, e também residente do programa RESPED. No último bimestre, ministrei aulas de História Antiga para os alunos de uma turma de primeiro ano do Ensino Médio e apresentei o vídeo do desfile dos Faraós para eles quando estávamos estudando o Egito, como um experimento que teve como objetivo despertar o interesse deles pelo estudo da História Antiga e da História Oriental. Gostaria de perguntar: de que outras formas poderíamos utilizar o desfile e sua repercussão em aulas de História no Ensino Básico?

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    1. Oi Lara! Fico feliz em saber que você gostou do meu texto.
      Realmente o desfile pode ser utilizado de diferentes formas como conteúdo didático, como forma de apresentar as múmias reais, como gerador de debates sobre a importância de museus históricos, em conjunto com a poesia do Brecth "Perguntas de um trabalhador que lê" trabalhar diferentes visões da história (história dos vencedores x história vista de baixo), a importância da memória histórica para a construção da identidade de uma nação, entre outras possibilidades.
      Espero ter ajudado! Parabéns pelo seu trabalho com os alunos!

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  5. Boa tarde. Belo texto. Agora, com esses usos políticos do passado pelo atual governo, como se encaixa a religião Islâmica? Grato Marlon Barcelos Ferreira

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    1. Oi Marlon! Obrigada pelo seu comentário.
      O Islã me parece ter um caráter secundário no governo de Al-Sisi, que busca uma imagem mais secular, até mesmo para manter clara as suas diferenças do governo anterior (que era ligado à Irmandade Muçulmana).

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  6. Boa tarde Franscismara, que texto incrível! Sou graduanda em licenciatura em História na UERN, e também residente do programa RESPED. No último bimestre, ministrei aulas de História Antiga para os alunos de uma turma de primeiro ano do Ensino Médio e apresentei o vídeo do desfile dos Faraós para eles quando estávamos estudando o Egito, como um experimento que teve como objetivo despertar o interesse deles pelo estudo da História Antiga e da História Oriental. Gostaria de perguntar: de que outras formas poderíamos utilizar o desfile e sua repercussão em aulas de História no Ensino Básico?


    Att: Lara Raquel de Souza e Maia (p.s: desculpe as perguntas repetidas)

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  7. Oi Lara! Fico feliz em saber que você gostou do meu texto.
    Realmente o desfile pode ser utilizado de diferentes formas como conteúdo didático, como forma de apresentar as múmias reais, como gerador de debates sobre a importância de museus históricos, em conjunto com a poesia do Brecth "Perguntas de um trabalhador que lê" trabalhar diferentes visões da história (história dos vencedores x história vista de baixo), a importância da memória histórica para a construção da identidade de uma nação, entre outras possibilidades.
    Espero ter ajudado! Parabéns pelo seu trabalho com os alunos

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