Andrei Marcelo da Rosa e Clara Aguiar Costa Bauer

REPRESENTAÇÕES DE RELAÇÕES HOMOAFETIVAS ENTRE MULHERES EM TRATADOS MÉDICOS E LITERÁRIOS MUÇULMANOS DOS SÉCULOS XII E XIII

 

Introdução

O presente trabalho visa analisar representações acerca da homoafetividade feminina em tratados médicos e literários muçulmanos na Idade Média, sendo apenas uma introdução produzida com os materiais que se encontram acessíveis no momento. Afinal, ao abordarmos o estudo dos relacionamentos homoafetivos entre mulheres nos territórios muçulmanos medievais, devemos ter em mente que há um triplo silenciamento por parte da historiografia. Os trabalhos historiográficos sobre sexualidade que fogem do recorte temporal anterior às idades Modernas e Contemporâneas são escassos, principalmente quando se analisa o contexto de produção brasileiro. A dificuldade de compreender quais eram as noções medievais sobre sexualidade e o acesso a materiais de pesquisa traduzidos que permitam uma análise desse assunto são alguns dos fatores que explicam a falta de estudos.

A escassez de estudos acerca da homoafetividade feminina na Idade Média está amplamente relacionada ao status ambíguo dos estudos sobre a sexualidade dentro desse recorte temporal. Afinal, durante muito tempo, a tradição foucaultiana postulou o pós-século XIX como um período propício para o início do estudo da sexualidade [AMER, 2009]. Isso posto, estudar as relações homoafetivas no período medieval seria anacrônico, uma vez que a noção de sexualidade supostamente inexistia durante esse momento. Atualmente, há uma renovação da tradição foucaultiana, apontando que o autor jamais teria afirmado a inexistência de relações homoafetivas fora do seu recorte temporal de análise. Portanto, essa releitura possibilita estudos sobre a sexualidade no medievo, sendo estes fundamentais para o combate do primeiro silenciamento que as relações homoafetivas entre mulheres do medievo sofrem na historiografia tradicional.

Os estudos que escapam dessa realidade e utilizam o recorte temporal “medieval”, recaem na primazia da homoafetividade masculina, devido à sobrevivência em maior quantidade de documentos relacionados a ela e um interesse maior por parte dos acadêmicos nos assuntos relacionados aos homens, sendo este o segundo silenciamento. Já o terceiro se torna visível quando o recorte espacial é deslocado da região europeia, que concentra a maior parte dos estudos sobre sexualidade. Dessa forma, o presente trabalho busca se inserir em um movimento de trazer a lente de estudos para o oriente medieval, mais especificamente o mundo muçulmano, bem como voltar a atenção para os relacionamentos entre mulheres, buscando desafiar os silenciamentos que essa temática enfrenta na historiografia brasileira.

Partindo do pressuposto de que as sexualidades não teriam sido construídas apenas no século XIX, é possível encontrar exemplos de relações homoafetivas no mundo muçulmano medieval [AMER, 2009]. Havia uma vasta tradição literária que representava a vida da corte e das pessoas comuns, trazendo uma grande quantidade de cenas homoeróticas [AMER, 2009]. Além disso, foram produzidos tratados médicos que buscavam compreender elementos da sexualidade, inclusive a questão das relações entre mulheres. A partir da leitura destes trabalhos é possível encontrar diversos nomes para representar o que hoje entendemos como “lesbianidade”, como sahq, sihaq, musahaqat al-nisa e sihaqa [AMER, 2009]. Há uma tendência de afirmar que esses termos são associados especificamente ao ato sexual, já que a raiz dessas palavras [s/h/q] denota o sentido de “esfregar”, em alusão ao coito. Porém, há a possibilidade da existência de uma cultura relacionada ao sahq, em que muitos escritos tendem a valorizar as relações afetivas entre essas mulheres, consideradas muito unidas e fiéis com suas parceiras [AMER, 2009]. Dessa forma, o sahq poderia ser mais do que apenas uma prática sexual, mas também uma cultura, como buscaremos demonstrar durante essa investigação.

 

Metodologia

Ainda que o mundo muçulmano medieval tenha produzido uma miríade de saberes sobre a prática sexual lésbica, seja através das leis, da literatura ou dos tratados medicinais, o acesso a essas produções na contemporaneidade é algo consideravelmente restrito, uma vez que a maioria desses textos se encontram não publicados, não traduzidos para idiomas ocidentais e nem mesmo editados. Os que escapam dessa realidade apresentam uma barreira de disponibilidade para consumo, como revela Sahar Amer [2008] que ao ter encontrado uma edição da Encyclopedia of the Pleasure, um compêndio acerca das relações íntimas do século X escrito por ʿAlī b. Nar al-Kātib, em uma livraria em Alexandria, descobriu que a mesma não estava disponível para mulheres muçulmanas. A postura ocidental também se torna um problema quando, por exemplo, a única tradução em inglês para a Encyclopedia of the Pleasure excluiu os excertos acerca das relações homoafetivas entre mulheres que estavam presentes no texto medieval, dificultando a construção de uma história emancipatória quanto à sexualidade feminina.

 Nesse sentido, o foco da análise será a representação de sahq em dois textos diferentes: um tratado médico e outro literário. Afinal, ainda que os textos de maior autoridade acerca daquilo que Miguel Romero [2018] nomeia como “irregularidades sexuais” fossem as jurisprudências locais e os textos canônicos do Islamismo, há um outro corpo literário que permite a apreensão do cotidiano dessa sociedade durante o período medieval. Enquanto isso, os primeiros representavam as expectativas religiosas e políticas. Portanto, dada a existência de diversos tipos de escritos sobre o sahq, pode-se inferir que era uma prática presente em certos contextos do mundo muçulmano.

Levando em conta essa realidade, o material utilizado para a arguição dessa pesquisa foi um apêndice de textos sobre a homoafetividade feminina traduzido do árabe para o inglês por Samar Habib [2006]. Essa coletânea de excertos levou à seleção de duas principais fontes-primárias que tratam acerca da origem do sahq, sendo elas: “The reason for some women’s preference for grinding.”, capítulo do livro “Kitab Nuzhat al-Asĥab fi Muåsharat al-Aĥbab”, de Abu Nasr bin Yaĥya bin Åbbas al-Maghrib al-Samaw’uli [d. 1180] e o capítulo “On the Literature of Grinders and Their Grinding”, presente no tratado “Nuzhat al-albab fima la yujad fi kitab”, de Ahmad Ibn Yusuf al-Tifasi. Visto que a obra de Ahmad al-Tifasi é mais conhecida no meio acadêmico, foi possível encontrar uma tradução de Ignacio Gutiérrez de Terán publicada em 2003 em Madrid. Através dessa fonte complementar fizemos um estudo comparativo entre ela e a tradução de Samar Habib.

A primeira obra, produzida no século XII, contém os estudos produzidos por Abu Nasr al-Maghrib, um muçulmano convertido que passou a maior parte da sua vida na cidade de Maragha, localizada no atual Azerbaijão. Esse é o contexto em que se insere suas produções, sejam elas relativas à matemática, à religiosidade ou ainda à medicina. A última temática receberá maior destaque, afinal é nela que o autor estuda as condições fisiológicas que levam ao sahq. Essa relação intrínseca entre sexualidade e fisiologia ocorre por conta do acesso que os intelectuais muçulmanos tiveram aos tratados filosóficos e medicinais gregos, bem como a herança dos textos de Galeno, por exemplo, que foi crucial para o desenvolvimento de teorias quanto a sexualidade por parte dos muçulmanos.

Já a obra de Ahmad al-Tifasi, “Nuzhat Al-Albab Fima La Yujad Fi Kitab”, no capítulo “On the literature of Grinders and their Grinding”, abarca as noções quanto à sexualidade do século XIII principalmente acerca dos locais que hoje entende-se como a Síria, o Iraque, a Pérsia e a Armênia. Ahmad al-Tifasi, após ter estudado na mesquita de Al-Zaytuna, em Túnez, teve o primeiro contato com a temática da medicina e das ciências naturais. Após isso, tornou-se cadí dentro da dinastia aiúbida, e essa ocupação proporcionou diversas viagens, nas quais o autor recolheu anedotas e notícias que contribuíram para sua reflexão acerca do sahq. Sua obra se caracteriza mais como uma empreitada literária, apesar de uma presença considerável do discurso médico. As discussões fisiológicas são apenas uma parte do escopo do texto, colocadas no meio de poesias, relatos, entre outros.

Entender a representação do sahq nos tratados medicinais e literários como a única possível é uma acepção errônea da cultura muçulmana. Enquanto que esses tratavam dos aspectos fisiológicos, as poesias e outras produções literárias discursavam sobre o sentido cultural e afetivo da prática [AMER, 2009]. Se os tratados médicos e literários não esgotam os saberes acerca do sahq, tão pouco a sexualidade pode esgotar essa cultura oriental. Durante muito tempo, por parte dos orientalistas, o Oriente foi entendido como uma entidade única e estagnada. Essas representações essencializaram a região como o lugar do sexo perigoso, de excessiva liberdade nas relações sexuais e de ofensa ao decoro sexual ocidental. Entretanto, essa noção é mais indicativa do modo de pensar a sexualidade no Ocidente cristão medieval do que no mundo muçulmano no mesmo período [SAID, 2007]. Desse modo, o recorte temático serve para ilustrar novas possibilidades de narrativas históricas para além da heterossexual [BENNET, 2000], jamais para essencializar a cultura muçulmana.

 

Contexto Cultural

Antes de partir para a análise de fato dos escritos médicos, é importante realizarmos uma breve análise do contexto de produção dessas obras. A cultura islâmica medieval não era homogênea, assim como nenhuma outra cultura [SHOSHAN, 1991]. Entretanto, os estratos culturais que existiam no mundo muçulmano medieval não eram separados entre si, mas sim coexistiam, influenciando um ao outro. O primeiro bloco cultural que Shoshan [1991] encontra diz respeito à corte, onde se produziam manuais de etiqueta, bem como obras literárias que possuíam como elemento comum cenas de caça, músicos e dançarinos, e onde uma parte considerável da cultura homoafetiva se desenrolava. O segundo bloco está relacionado com os escritos religiosos, de onde as ideias comuns que a cultura ocidental possui sobre o Islã geralmente provém.

Os escritos médicos abordados neste texto estão inseridos tanto no primeiro quanto no terceiro bloco cultural identificado: o grupo intelectual-mercantil [SHOSHAN, 1991]. As regiões islâmicas, no geral, mantinham grande contato intelectual e comercial entre si, como evidencia-se pelos sábios que viajam de uma região para outra, sendo este o caso de um dos autores analisados no presente trabalho, Ahmad al-Tifasi. Assim, as cortes, compostas por intelectuais que viajavam com frequência, caracterizavam-se como um dos espaços onde esses textos eram desenvolvidos. Além disso, comerciantes acumulavam dinheiro e patrocinavam intelectuais para a confecção de diversos escritos literários, matemáticos ou médicos.

Os tratados sobre a sexualidade, assim como outras produções relacionadas à sociedade islâmica, têm sua origem no interesse de uma elite detentora de saberes e poder em conhecer todos os aspectos da sua sociedade, inclusive aqueles considerados pelos religiosos como imorais [SHOSHAN, 1991]. Nesse sentido, existem diversos tratados que buscavam estudar quais eram as origens do comportamento homoafetivo entre as mulheres muçulmanas. Para isso, foram desenvolvidas numerosas teorias, bem como obras que buscavam, através de uma narrativa literária, compreender a presença dessas mulheres na sociedade islâmica [ROMERO, 2018].


Análise das fontes

Na antiguidade, Galeno interpretou as relações homoafetivas entre mulheres a partir de uma problemática médica, nesse caso, essas relações existiam porque as mulheres sentiam coceira nos seus lábios vaginais [ROMERO, 2018]. Portanto, esfregavam-se umas nas outras para aliviar o sintoma, de acordo com o filósofo. Esse ato era considerado como a principal solução para essa condição, afinal, o líquido que emanava da vagina da mulher possuía a característica de ser frio, responsável nesse caso por balancear a coceira quente; ao passo que o sêmen masculino era caracterizado como um líquido quente, que nesse caso iria piorar as irritações vaginais [al-Tifasi, 2003]. Essa ideia, característica dos tratados hipocráticos, defendia que tanto os homens quanto as mulheres produziam sêmem [MYRNE, 2020] sendo o do homem quente e o da mulher, frio — e foi um legado da antiguidade central na construção dos conhecimentos medicinais muçulmanos quanto às relações homoafetivas entre mulheres no medievo. 

É justamente a partir deste legado que Abu Nasr al-Maghrib teoriza as razões para o sahq no mundo muçulmano. Contudo, para ele, o impulso para praticar relações homoafetivas era oriundo de um frio no útero. Assim, a única solução para balancear essa característica uterina encontrava-se nas altas temperaturas provenientes da fricção gerada em uma relação sexual entre duas mulheres, ato que proporcionava grande prazer para essas.  O útero gelado, para o autor, fazia com que a mulher demorasse mais para atingir o ápice sexual. O sahq, então, surgia como uma prática para aliviar essa condição. Ainda, para Abu Nasr al-Maghrib, algumas mulheres possuíam um útero curto e a penetração, nesse caso, ocasionava dor. Já outras, possuíam doenças ou deficiências uterinas que também proporcionavam incômodo durante as relações com homens. Nesses casos, essas mulheres passavam a praticar o sahq em busca da satisfação que não encontravam na relação heterossexual.

A constituição física também aparece nos escritos de Ahmad al-Tifasi. Para o autor, se a causa da prática estivesse concentrada no útero curto, a mulher possuiria um desgosto eterno por homens. Além disso, propõe, inspirado nas ideias de um certo filho de Massoyeah, uma outra causa do sahq, sendo, nesse caso, uma condição originada na amamentação. Isto posto, mães que consumiam agrião, trevo branco e salsão em grandes quantidades poderiam gerar uma alteração na vagina das suas filhas a partir da amamentação, causando, assim, coceiras nos lábios vaginais. Não obstante, Ahmad al-Tifasi complementa essa alternativa, citando pensamentos de um homem que considerava sábio. Este afirma que a coceira quente poderia somente ser balanceada com um fluído feminino, caracteristicamente gelado, que seria gerado a partir da relação entre duas mulheres. O autor aponta de forma assertiva que se o impulso ao sahq é proveniente de uma vontade própria, esse pode facilmente ser solucionado; já o gerado por conta da constituição física é difícil de se recuperar.

A obra de Ahmad al-Tifasi, ao ser comparada com a de Abu Nasr al-Maghrib, vai além na análise sobre o sahq. Ao contrário do segundo, Ahmad al-Tifasi realiza um grande movimento de trazer diversas visões de diferentes atores sociais sobre o sahq. Abu Nasr Al-Maghrib, em contrapartida, estava interessado apenas na origem física, caracterizando o sahq como uma condição médica, ainda que não aparenta estar julgando isso como algo negativo. Ao buscar diferentes relatos, anedotas e poemas sobre a questão, Ahmad al-Tifasi apresenta uma miríade de opiniões, explicações médicas e elementos culturais sobre as relações homoafetivas entre mulheres no mundo muçulmano medieval [DANGLER, 2015].

Apesar de Ahmad al-Tifasi apontar uma origem física para o sahq, as mulheres que se relacionavam homoafetivamente são representadas como parte de uma cultura própria. O autor refere-se a elas como “as graciosas” e narra os signos que diversas mulheres engajadas no sahq costumavam portar. Era frequente entre elas o uso excessivo do perfume, mais do que qualquer outra mulher, a limpeza das roupas e a preocupação com a qualidade e beleza dos móveis de casa e da comida. Essa narração possui relação com a cultura do refinamento presente entre os elementos mais altos da sociedade muçulmana medieval, onde as mulheres eram denominadas zarifa [DANGLER, 2015]. O refinamento era diversas vezes associado com o comportamento homoafetivo masculino e feminino, tanto que zarifa aparecia como um dos termos para se referir às mulheres que engajavam no sahq [AMER, 2011].

 Além da vestimenta, Ahmad al-Tifasi narra a existência de espaços onde essas mulheres se encontravam para ensinar umas às outras as artes da sedução. Nessas reuniões, elas discutiam as melhores formas de gemer, de se portar de forma elegante e seduzir a companheira. Essas mulheres se entendiam como parte de um grupo social específico, que rejeitava a companhia do homem. Em um trecho da obra, em que é apresentado o depoimento de Warda, uma dessas mulheres engajadas no sahq, percebe-se a existência de práticas estabelecidas dentro do grupo, afinal ela narra a partir do uso da primeira pessoa do plural a forma idealizada de se relacionar com outras mulheres. Apesar de não ser possível afirmar isso apenas a partir da análise da obra de Ahmad al-Tifasi, há elementos que colaboram com a noção de que, dentro da cultura muçulmana medieval, as relações homoafetivas femininas eram mais do que uma condição médica, uma vez que também estavam relacionadas com a formação de um grupo social específico, com regras próprias [AMER, 2011].

 

Considerações Finais

A partir da análise dos textos de Abu Nasr al-Maghrib e Ahmad al-Tifasi, é possível perceber a existência de uma tradição médica voltada para o estudo da sexualidade feminina no mundo muçulmano medieval. Essa tradição focava em buscar compreender como se origina o comportamento sexual que levava duas mulheres a se relacionarem entre si, apresentando explicações biológicas para isso. Entretanto, esses estudos não são exclusivamente patologizantes, no sentido de identificar esses comportamentos como “aberrações” que precisam ser resolvidas, apesar de considerarem as relações heterossexuais como as mais ideais. Nos escritos dos dois autores analisados, o estudo das origens biológicas é descritivo. Ahmad al-Tifasi vai além e apresenta uma separação entre os comportamentos homoafetivos que podem ser resolvidos e aqueles que são intrínsecos à mulher, apresentando tanto discursos favoráveis quanto contrários à prática.

Enquanto Abu Nasr al-Maghrib se detém na descrição biológica dos comportamentos, Ahmad al-Tifasi apresenta uma visão mais abrangente sobre a questão, apresentando relatos de mulheres que engajavam no sahq, bem como de pessoas contrárias ao comportamento. É possível perceber que o discurso médico foi utilizado por Ahmad al-Tifasi como um complemento para essa questão, sendo um dos possíveis discursos entre vários presentes na sociedade em que ele estava inserido. Assim, o estudo do “Nuzhat al-albab fima la yujad fi kitab” colabora para a análise de diferentes visões acerca da sexualidade dentro das sociedades muçulmanas medievais, que escapam das descrições religiosas, geralmente estudadas como as únicas existentes nas sociedades medievais, tanto no mundo cristão quanto no muçulmano.

Em suma, o estudo de fontes que denotem a existência de relações homoafetivas entre mulheres no mundo muçulmano medieval faz-se fundamental para que se possa analisar múltiplas facetas do cotidiano das mulheres nesse contexto. Essa temática pode desafiar as noções ocidentais de gênero, bem como as expectativas acerca do mesmo e, por fim, exibir que há uma ampla historiografia a ser produzida para além do foco das relações heterossexuais. Como afirmado ao longo do texto, há um corpo literário imenso produzido por muçulmanos, durante o período medieval, acerca dessa temática. Essas diversas fontes podem contribuir para uma investigação mais bem fundamentada e específica da prática do sahq, partindo do estudo de leis, contos ou ainda textos religiosos. Se por um lado os tratados médicos e literários não esgotam essa análise, ao menos contribuem para o início do debate.

 

Referências

Andrei Marcelo da Rosa é graduando em Licenciatura em História na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Contato: andrei.marcelo@ufrgs.br

Clara Aguiar Costa Bauer é graduanda em Licenciatura em História na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Contato: claraaguiarcb@gmail.com

 

Al-Tifasi. Esparcimiento de corazones. Trad. Ignacio Gutiérrez de Terán. Madrid : Gredos, D. L. 2003.

AMER, Sahar. Medieval Arab Lesbians and Lesbian-Like Women. Journal of the History of Sexuality, vol. 18, No. 2 (MAIO/2009), pp. 215-236.

_______. Crossing social and cultural borders: Jean Renart’s Escoufle and the traditions of Zarf, Jawaris and Qaynas in the Islamicate World. IN: ____. Crossing Borders: love between women in medieval french and arabic literatures. University of Pennsylvania Press, 2011.

BENNETT, Judith M. "Lesbian-Like" and the Social History of Lesbianisms. Journal of the History of Sexuality, Jan. - Apr., 2000, Vol. 9, No. 1/2 (Jan. - Apr., 2000), pp. 1-24.

DANGLER, Jean. Expanding our scope: nonmodern love and sex in Ibn Hazm al-Andalusi’s Tawq al-hamama and Ahmad Ibn Yusuf al-Tifashi’s Nuzhat al-albab fima Ia Yujad fi kitab. Africa Today, vol. 61, No. 4, Special Issue: Love and Sex in Islamic Africa (Summer, 2015), pp. 13-25.

HABIB, Samar. An Appendix of Texts from the Arabian Middle Ages Concerned with Female Homosexuality. Entertext, vol. 7, n. 2, 2006, pp. 173-196.

SAID, Edward W. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. 1ªed. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

MYRNE, Pernilla. Sexuality, pleasure and health. In: _____. Female sexuality in the Early Medieval Islamic World. IB. Tauris: London, 2020.

ROMERO, Miguel Ángel Lucena. Concupiscencia en el Islam Medieval: el exceso sexual y las desviaciones carnales. MEAH, sección árabe-islam [0544-408X] 67 (2018), 153-174.

SAID, Edward W. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. 1ªed. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

SHOSHAN, Boaz. High Culture and Popular Culture in Medieval Islam. Studia Islamica, 1991, n. 73, pp. 67-107.

29 comentários:

  1. Quero transmitir meus sinceros elogios ao texto. Está bem escrito, coeso e trata de uma temática interessantíssima que, nos dias de hoje, tem muitos olhares orientalistas. Nesse sentido, pesquisas como essas são importantes para aprofundar-se nessas questões com um senso crítico necessário. Enfim, a minha pergunta é que se nos seus estudos, na coexistência entre o bloco religioso e os outros, foi encontrada alguma diferença entre o povo comum e os estratos sociais mais elevados no sentido da representação e da jurisprudência?

    Assinatura: Pietro Enrico Menegatti de Chiara

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    1. Olá Pietro,
      Agradecemos muito pelos elogios!
      Sim, existem tanto diferenças quanto semelhanças. Os estratos culturais não existem separadamente um do outro, mas se relacionam entre si. Na cultura popular, segundo Boaz Soshan, era forte a influência das culturas locais, já que os dominadores não costumavam impor o Islã, sua cultura e modo de pensamento. Assim, o chamado "bloco popular" não era formado por uma única "cultura popular" homogênea. Já o chamado "Islã acadêmico", termo usado pelo Shoshan para se referir ao pensamento islâmico relacionado com os espaços de poder, buscava se manter o mais próximo possível do Qu'ran, o que influenciava o modo de agir e pensar das pessoas relacionadas a esses meios. Dessa forma, haviam sim diferentes visões sobre diversos aspectos da vida, inclusive a questão do sahq e liwat ("homoafetividade masculina"). Mesmo assim, dentro desse bloco religioso mais "ortodoxo" não havia homogeneidade. Alguns pensadores religiosos condenavam os relacionamentos homoafetivos, outros eram indiferentes, se baseando no Qu'ran e em hadiths (textos atribuídos ao profeta Maomé). Estes últimos, porém, não eram aceitos como válidos para todos.

      Andrei da Rosa e Clara Bauer

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    2. Muito obrigado pela resposta, me senti agraciado. Fiz o download do artigo de Boaz Shoshan e me aprofundarei mais no tema.

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    3. De nada, sucesso nos estudos!

      Andrei da Rosa e Clara Bauer

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  2. Gleidson Fernando Rocha dos Santos4 de outubro de 2021 às 16:23

    Seu texto é muito importante para questionar a visão ocidental de um comunidade mulçumana uniforme e atrasada. Pelo seu texto e outros que temos disponíveis neste simpósio, no período medieval inúmeros grupos mulçumanos estavam a frente dos povos europeus tanto no quesito sexualidade quanto no científico. Qual seria o motivo dos mulçumanos no medievo estarem nesta vanguarda da "civilização", sabendo que esta palavra não é a mais adequada?

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    1. Olá, Gleidson! Muito obrigada por apreciar o texto e nos incentivar a continuar essa reflexão. Primeiro, de fato é muito complicado partirmos do pressuposto de uma possível “vanguarda” ou “estar a frente”, cada cultura parte de uma construção e nem todas possuem o objetivo de chegar ao mesmo ponto seja historicamente ou mesmo culturalmente. Ainda, a civilização é uma construção categoricamente ocidental. Assim, podemos responder, ou ao menos tentar responder dentro do nosso conhecimento que ainda é limitado, porque os muçulmanos desenvolveram-se da forma que conhecemos. Em primeiro lugar, para responder a questão científica é crucial ressaltar o acesso que esses tiveram às produções gregas, por exemplo seus tratados medicinais e literários; o conhecimento, como evidenciado por Boaz Soshan era uma questão muito importante para as elites muçulmanas, esses buscavam compreender a sociedade e a cultura que os cercavam. Por último, ao falarmos sobre a sexualidade devemos imperativamente questionar o que seria uma possível “vanguarda sexual”, assim vamos interpretar sua pergunta de forma a entender porque podemos evidenciar nos tratados muçulmanos uma maior diversidade nos modos de se relacionar. A questão concentra-se nos tratados, não é como se na Europa Ocidental não houvesse essas diversidades, elas só eram comumente ignoradas (propositalmente ou não) nos seus escritos. Assim, voltamos para a mesma resposta da primeira pergunta, muito possivelmente os tratados muçulmanos revelam mais sobre isso por um interesse da elite em entender o seu entorno e também por conta de um amplo legado grego que já tratava dessas questões. Por último propomos uma provocação, será que podemos, a partir de tratados médicos e literários, afirmar todo o conhecimento e comportamento no mundo muçulmano? Tendemos a compreender que essas narrativas aqui apresentadas representam uma das múltiplas visões que eram vigentes no período.

      Clara Bauer e Andrei da Rosa

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  3. Oi! Que pesquisa interessante! Parabéns pelo texto.
    Gostaria de entender melhor alguns pontos: Quando Ahmad al-Tifasi fala de um impulso ao Sahq proveniente de uma vontade própria, ele está falando da condição adquirida na amamentação ou é uma outra possibilidade? Quando ele diz que essa condição é facilmente solucionada, ele está falando de uma cura do impulso do Sahq?

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    1. Olá, Francismara! Muito obrigada.
      Nossa resposta para essa pergunta tende a ser um pouco limitada uma vez que nosso acesso às fontes primárias foi bastante restrito. Ainda, a questão da "vontade" dentro da filosofia, por exemplo, é um conceito amplamente debatido e compreendido de formas diversas. Tendemos, em consenso, a entender que a forma que o autor trata a problemática da amamentação está mais ligada à constituição física, por causar alterações físicas no corpo, do que uma questão de vontade. Contudo, esbarramos nas limitações da fonte, al-Tifasi jamais afirma o que seria entendido como vontade própria ou mesmo a exemplifica. Mas, ao longo de sua obra, percebemos motivos que levam ao sahq que enquadram-se naquilo que, na contemporaneidade, entendemos como um dos possíveis sentidos de vontade própria, que é o caso do medo de engravidar. Mulheres, nesse sentido, evitavam relações sexuais com os homens e preferiam as com mulheres como um meio para evitar a gravidez. Quanto ao impulso ao sahq, al-Tifasi entende que nas situações em que esse não é originado por conta da constituição física, esse pode sim ser solucionado. Novamente, agradecemos os elogios e reforçamos que a fonte em si torna nossa resposta um tanto limitada.

      Clara Bauer e Andrei da Rosa

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    2. Obrigada pela resposta!

      Muito interessante essa questão de se evitar gravidez. Pq me fez pensar se essas mulheres que faziam essa opção (ou pelo menos algumas) não seriam bissexuais, já que não havia motivações consideradas "biológicas" para não se relacionarem sexualmente com homens, mas uma suposta "escolha" feita em algum momento na vida e não algo determinado pela constituição física. Não sei se consegui explicar direito (risos).

      Novamente, parabéns pela pesquisa e pelo texto, mesmo com toda limitação da fonte vocês estão fazendo um trabalho lindo.

      Abraços!

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    3. Olá Francismara!

      É muito debatido na historiografia o uso de termos como "bissexual", "gay", "lésbica" no recorte temporal que trabalhamos, porque estes pressupõem expectativas de relacionamentos e visões de mundo que não necessariamente condizem com o período. Como nossas fontes são bem específicas, não podemos afirmar nada com muita certeza. Por isso seria interessante mais pesquisas sobre esse assunto.

      Agradecemos muito pelo interesse na leitura e os elogios!

      Andrei da Rosa e Clara Bauer

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  4. Muito interessante o texto de vocês - me incitou curiosidade em saber mais sobre as fontes e o momento histórico.
    Foi colocado que os tratados sobre sexualidade "têm sua origem no interesse de uma elite detentora de saberes e poder em conhecer todos os aspectos da sua sociedade, inclusive aqueles considerados pelos religiosos como imorais". Nesse sentido, surgem duas questões:
    1.qual a finalidade desse conhecimento por parte das elites? Havia algo por trás ou tratava-se apenas de uma projeção que exaltaria suas capacidades investigativas e de "mecenato"?
    2. Qual a postura oficial da religiosidade muçulmana na época no que compete às relações homoafetivas?
    Desde já grata.
    Abraços.
    Vanessa dos Santos Bodstein Bivar

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    1. Olá Vanessa,
      Agradecemos pelo interesse no nosso texto! Tentando responder a sua primeira pergunta, segundo as nossas fontes, há várias explicações para esse interesse da elite nesses comportamentos. Boaz Shoshan, uma das nossas fontes, evidencia que esse interesse era relacionado com a ideia de conhecer todos os âmbitos sociais e culturais das diferentes regiões dominadas pelos muçulmanos, como evidenciam os relatos de viagem (rihla). Existem também textos provavelmente financiados por mercadores, como o famoso "Mil e uma noites", que trazem diversos aspectos de diferentes regiões muçulmanas e tendem a valorizar o papel dos mercadores. Assim, é possível questionar se esses trabalhos também funcionavam como uma propaganda de um grupo social em ascensão econômica.
      Quanto à sua segunda pergunta, não havia exatamente uma posição oficial da religiosidade. Uma das nossas fontes, a Sahar Amer, afirma que o sexo no Islã era celebrado, não havia uma censura a falar sobre isso. Sobre as proibições relacionadas ao sexo, o maior pecado sexual no Islã é o adultério(zina). Assim, havia uma discussão que não foi resolvida no nosso recorte temporal sobre a questão do sahq e liwat ("homoafetividade masculina"), se eles eram condenáveis e, se sim, se eram tão graves quanto a zina. Alguns pensadores religiosos condenavam, outros eram indiferentes. Como o Qu’ran não fala em nenhum momento sobre uma punição específica para esses relacionamentos, a existência desta variava de acordo com diferentes escolas de pensamentos. Haviam até hadiths (textos supostamente escritos por Maomé) condenando o sahq e liwat, mas a aceitação desses escritos não era universal entre os pensadores religiosos muçulmanos.

      Andrei da Rosa e Clara Bauer

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    2. Muito obrigada pelas gentis respostas.
      Só saliento que não se supõe que os hadiths foram escritos pelo profeta. Nem mesmo o Corão o foi.
      Abraços.

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    3. Isso, me expressei mal na resposta, perdão!
      Abraços!

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  5. Outro aspecto interessante a se pensar é: será que de fato essas mulheres eram muçulmanas?
    Vocês citaram ser um ambiente de corte. Porém, vale à pena pensar no contexto histórico mais macro daquele momento e como o Islã de fato penetrava nessas regiões.
    Abraços,
    Vanessa dos Santos Bodstein Bivar

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    1. Realmente essa é uma questão muito importante. Como os muçulmanos, ao conquistarem um território, não impuseram o Islã para as comunidades dominadas, não é possível afirmar que todas essas mulheres tratadas nos textos analisados eram muçulmanas. Por isso mesmo, evitamos ao máximo não se referir a elas como tais. O que podemos afirmar é que os responsáveis pelos textos eram intelectuais muçulmanos inseridos em uma cultura de corte. Logo, concordamos em nos referirmos a suas obras como tratados muçulmanos, já que partem de um meio onde o pensamento muçulmano era vigente.

      Andrei da Rosa e Clara Bauer

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  8. A homossexualidade feminina na era medieval era tratada como um tabu ou a opressão do patriarcado era muito intenso? Até hoje o preconceito é enraizado na homossexualidade, e no mulçumano você acredita que seja maior?

    Suelen Bonete de Carvalho

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    1. Olá, Suelen! Muito obrigada pela contribuição.

      Primeiramente gostaríamos de frisar que, ao longo do texto, fizemos a escolha consciente de usar o termo “homoafetividade” ao invés de “homossexualidade”, uma vez que o último é intrínseco às questões contemporâneas que não fazem sentido quando se considera o contexto medieval. Quanto a homoafetividade ser um “tabu” no período medieval, nossa análise visa entendê-la dentro do recorte oriental, considerando um grupo social bastante específico (vide os blocos culturais de Soshan), permeados por um contexto inerente a eles, assim nossa resposta só pode compreender uma visão mais micro dessa questão. Para os autores do nosso tratado a questão não era visualizada como aquilo que hoje entendemos como “tabu”. Contudo, frisamos, essa compreensão vem de um grupo específico, os demais grupos sociais entendiam o sahq de formas variadas.
      Sobre a última questão, é muito impreciso pensar em “maior preconceito” ou “menor preconceito”, não é como se existisse uma escala para quantificá-lo. Entendemos que analisar essa temática a partir dessa lente não seja o melhor caminho. Contudo, um caminho bastante interessante é pensar no islã como uma religião não-monolítica, permeada por diversas interpretações e análises e, consequentemente, diferentes formas de compreender as relações contemporâneas.
      Gostaríamos de reiterar que estudamos o período do medievo, portanto nossos conhecimentos sobre a contemporaneidade quanto ao tema ainda é um processo em formação. Por isso, indicamos esse conteúdo extra-acadêmico e de qualidade que pode trazer caminhos sobre como pensar a questão queer e o Islã atualmente https://www.instagram.com/stories/highlights/17851146710310197/?hl=pt-br

      Clara Bauer e Andrei da Rosa

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    2. Primeiramente peço desculpas pelo mal uso do termo da homoafetividade. E quero agradecer muito a tua resposta, me trouxe reflexões e esclarecimentos muito enriquecedores!! Vejo o quanto temos ainda a aprender. E obrigada pela indicação do conteúdo, já comecei a visualizá-lo aqui!
      Obrigada!
      Suelen Bonete de Carvalho

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    3. Olá, Suelen!
      Não tem problema errar, é um assunto que temos pouco acesso e aos poucos vamos aprendendo os termos certos. Erros mostram a importância de nos atentarmos para esses estudos. Temos muito para aprender mesmo. Não precisa agradecer e nos colocamos à disposição para qualquer outra dúvida.

      Clara Bauer e Andrei da Rosa

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  9. Suelen Bonete de Carvalho5 de outubro de 2021 às 18:38

    A homossexualidade feminina na era medieval era tratada como um tabu ou a opressão do patriarcado era muito intenso? Até hoje o preconceito é enraizado na homossexualidade, e no mulçumano você acredita que seja maior?

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  10. Incrível ver colegas produzindo renovação pro campo historiográfico com tanta consistência e solidez, mas não uma solidez que traz mais do mesmo discurso com apenas um rótulo novo, mas sim uma solidez da perseverança de se despir desses mesmos rótulos e vestir novas lentes para o desafio de ampliar perspectivas. Há muito potencial para essa pesquisa, mesmo com as limitações impostas! Parabéns a Clara e Andrei por investirem nesse projeto, dedicando esse olhar atento e cuidadoso a essas grandes questões e suas lacunas!

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    1. Obrigada por todo apoio e carinho, Flávia!

      Clara Bauer e Andrei da Rosa

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  11. Primeiramente gostaria de parabenizar vocês pelo excelente trabalho! Esse texto me deixou curiosa para ler mais sobre as relações homoafetivas femininas para além do aspecto ocidental. Sobre a questão das fontes utilizadas, foi comentada sobre uma escassez em relação ao tema, atualmente como se encontra a questão de mulheres mulçumanas homoafetivas? Mais uma vez, parabéns pelo excelente texto!

    Raphaella de Melo Costa

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    1. Olá Raphaella!

      Agradecemos muito os elogios ao texto. Quanto ao seu questionamento, como o nosso recorte temporal é bem específico (séculos XII e XIII, parte do chamado Mundo Muçulmano "Medieval"), não sabemos te responder como está a questão atual, pois isso implica um conhecimento da situação de diferentes populações muçulmanas espalhadas pelo planeta e os contextos político-sociais em que elas estão inseridas. Indicamos, como primeiro material de contato, esse perfil no Instagram: https://www.instagram.com/stories/highlights/17851146710310197/?hl=pt-br

      Andrei da Rosa e Clara Bauer

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